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Quem visitou a mostra Fluxus na Alemanha 1962-1994 – Uma Longa História com Muitos Nós, que ficará aberta até o dia 23 de julho no Museu Oscar Niemeyer, sabe da importância que Joseph Beuys teve para o que hoje conhecemos como performance. Em 1965, no que é talvez a sua ação mais conhecida, Beuys cobriu o rosto de mel e folhas de ouro e passou horas andando pela Galeria Schmela, em Düsseldorf, na Alemanha, discutindo as obras expostas com uma lebre morta que carregava nas mãos. Em outra performance, chamada "Eu Amo a América e a América Me Ama", envolveu-se em feltro e dividiu uma sala com um coiote durante cinco dias.

Em alguns casos, a noção de perigo e até masoquismo tornou-se peça central para a realização das ações. Foi o caso de Chris Burden, que em 1971 levou o tiro de um assistente na performance "Shoot" (atire). Por usar o próprio corpo do artista como suporte e meio de intervenção, o trabalho de Burden pode ser classificado como a arte do corpo (body art).

Tanto o corpo quanto a performance também são centrais (embora menos radicais) no trabalho da londrinense Fernanda Magalhães. Hoje, entre as 11 e 15 horas, ela inaugura a exposição Corpo Re-construção Ação Ritual Performance na Galeria Ybakatu Espaço e Arte, em Curitiba. A mostra tenta criar uma dinâmica a partir de rastros e registros de performances para refletir a fragmentação dos indivíduos e as relações mútuas entre as pessoas.

"É um projeto que surgiu de uma seqüência de trabalhos que venho desenvolvendo com o corpo, há 15 anos", comenta a artista. Trata-se de uma "reconstrução", como o título sugere, para indicar a recuperação de um câncer que enfrentou em 2003. "Percebi o quanto precisamos de outras pessoas para nos reerguer", diz Fernanda. A partir da idéia, ela convidou grupos de pessoas para realizar performances em que os corpos dos participantes eram recobertos de tinta e impressos em lençóis brancos. A partir das imagens obtidas (de pés, mãos, cabelo, seios) os corpos foram remontados em uma instalação.

A mostra traz ainda os registros das perfomances em suportes mais variados, incluindo fotografias, projeções de vídeos, gravuras, entre outros. As ações foram realizadas com diferentes gupos de pessoas, doentes de aids a atores, nas cidades de Londrina, Curitiba, Campinas, Rio de Janeiro, e Niterói. "É um trabalho que partiu de um episódio pessoal e abriu o tema para o universo das artes em um ritual em que, por meio de arte, passamos por uma situação de transcendência do indivíduo", diz Fernanda.

Na oportunidade, também será lançado o livro A Estalagem das Almas, de Karen Debétolis, ilustrado com fotografias de Fernanda Magalhães. A prosa da escritora narra destinos de 14 pessoas que em uma estalagem, encontraram o último refúgio. "Fui construindo os personagens a partir de histórias comuns, que as pessoas me contavam no dia a dia, pensando que essa estalagem representa um ponto-limite", explica Debétolis. A autora conta que sua escrita é rica em imagens, o que suscitou a participação de Fernanda Magalhães que desenvolveu uma narrativa visual para a estória. Depois do lançamento, o volume poderá ser adquirido na Livraria do Chain, nas livrarias Guerreiro e no site da Travessa dos Editores (www.travessadoseditores.com.br).

Serviço: Exposição Corpo Re-construção Ação Ritual Performance, de Fernanda Magalhães, e lançamento do livro A Estalagem das Almas, de Karen Debértolis com imagens de Fernanda Magalhães. Ybakatu Espaço de Arte (R. Itupava 414), (41) 3264–4752. Hoje, das 11 às 15 horas.

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