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Literatura

Criado no século 19, Sherlock Holmes chega ao século 21 como fenômeno pop

Se perguntarmos a nossa volta quem já leu os contos de Sir Arthur Conan Doyle estrelados por Sherlock Holmes - relançados agora em edição caprichada - o número de respostas positivas não deverá ser impressionante. Todos, porém, sabem quem é o detetive, são capazes de identificar signos como o cachimbo, a lupa e o chapéu quadriculado, e repetir de cor sua frase mais famosa: "Elementar meu caro Watson". Mas a frase não está registrada em nenhum dos livros de Doyle, ou seja, nunca foi dita pelo personagem - e aí está a pista para quem quer desvendar o fenômeno pop Sherlock Holmes ( desvende um caso ).

Ora, se um dos maiores símbolos de Holmes não está dentro de suas histórias "oficiais", é elementar: sua popularidade se deve mais ao que extrapolou os contos de Doyle que aos próprios contos. É claro que o autor tem sua responsabilidade como criador do cativante personagem e pela brilhante sacada de narrar suas aventuras pelos olhos do Dr. Watson, um sujeito mais obtuso que o leitor, como nota John Le Carré na abertura da nova edição. Mas o que faz as pessoas pensarem são as peças de teatro, as adaptações para os quadrinhos, os desenhos animados e sobretudo, os filmes.

No site do Internet Movie Database (IMDB) há 194 filmes que têm Holmes como personagem - sem contar os pastiches, sátiras e eventuais plágios. Há desde um filme dinamarquês de 1908 chamado simplesmente "Sherlock Holmes" até (o mais recente) o brasileiro "O Xangô de Baker Street", baseado no livro de Jô Soares, passando pelo Holmes adolescente "O enigma da pirâmide".

Está na lista uma obra também batizada com o nome do detetive, no qual o personagem é vivido por um certo William Gilette. É a único registro do ator no cinema como Holmes, mas ele foi o grande responsável pela popularização do personagem que conhecemos hoje. Já no fim do século 19, Gilette personificava o amigo de Dr. Watson nos palcos - papel que chegou a repetir em mais de 1.300 apresentações. Foi ele quem difundiu a imagem do personagem usando um cachimbo curvo - nos contos, Holmes usava um modelo reto.

Até a Disney entrou na onda Sherlock, com seu personagem Basil (homônimo deBasil Rathbone, outro famoso intérprete de Holmes no cinema). O personagem chegou a estrelar um longa-metragem, "O ratinho detetive", de 1986.

Hoje, com o auxílio da internet, os sherlockianos continuam criando e recriando a imagem de Holmes. Como? Com teorias que explicam fatos que não estão nas narrativas de Doyle e até mesmo com contos escritos por eles mesmos. O mais completo site sobre o assunto é o da Sherlock Holmes Society of London , tradicionalíssima sociedade fundada em 1934. No Brasil, o principal espaço de encontro de fãs de Holmes é o Sherlock Holmes Brasil .

No Orkut há dezenas de comunidades dedicadas ao estudo de Holmes. A maior delas conta com 5.956 membros. Parece pouco perto de comunidades engraçadinhas como "Aquele tchau não foi para mim" (108.333 membros). Mas seus participantes levam a sério as discussões sobre o personagem, com uma profundidade rara no site de relacionamentos. Talvez, num desses cantos virtuais esteja sendo forjada algum detalhe da imagem que Holmes terá no fim do século 21. Ou até mesmo uma atualização para o "Elementar, meu caro Watson".

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