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Políticas públicas

Crise fiscal ameaça grupos da FCC

Formações mantidas pela Prefeitura aguardam renovação dos contratos, vencidos em agosto. FCC diz que faltam recursos e fala em “reestruturação”

Coral Brasileirinho, durante ensaio: papel na formação de futuros músicos e na difusão da música brasileira | Cesar Machado/Gazeta do Povo
Coral Brasileirinho, durante ensaio: papel na formação de futuros músicos e na difusão da música brasileira (Foto: Cesar Machado/Gazeta do Povo)

Músicos dos grupos artísticos mantidos pela Prefeitura, em especial os ligados ao Conservatório de MPB de Curitiba, vivem um momento de incerteza quanto à continuidade de suas atividades. Os contratos de integrantes da Orquestra à Base de Corda, Orquestra à Base de Sopro, Vocal Brasileirão e Coral Brasileirinho, já precários, venceram em agosto e não foram renovados.

O Instituto Curitiba de Arte e Cultura (Icac), organização social responsável pela gestão da área musical da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), aguarda recursos para um novo aditivo de contrato. A FCC, de acordo com seu presidente, Marcos Cordiolli, fará uma proposta definitiva após um "realinhamento fiscal", que pode implicar em uma "reestruturação" destes grupos. "A Prefeitura está passando por crise fiscal e não estamos conseguindo fazer alocação de recurso nas proporções necessárias", diz Cordiolli. "Mas não vamos em hipótese alguma fechar os grupos. O que talvez tenha de acontecer é um processo de reestruturação em sua forma de relacionamento. Mas vamos fazer isso de maneira dialogada. Mesmo que tenhamos de tomar medidas duras, não está previsto desligamento de pessoas", diz.

De acordo com o presidente do Icac, Nilton Cor­doni, o estudo de alternativas passa por uma reavaliação da sustentabilidade desses grupos, incluindo orquestra e coro da Camerata Antiqua de Curitiba – único caso em que os músicos têm vínculo empregatício com a Prefeitura. "Bancar os músicos mensalmente, como se fossem funcionários, está se tornando bastante difícil", diz o gestor, que estima em R$ 70 mil a R$ 80 mil os gastos mensais do Icac com o pagamento dos profissionais. O valor corresponde a cerca de 15% do orçamento mensal do instituto. Já para a produção de apresentações, cada grupo dispõe, em média, de R$ 20 mil por ano. "É um valor irrisório. Manter os grupos interessa desde que haja recursos para que se realizem shows", avalia.

Entre as ideias discutidas estão a busca por recursos privados e o redirecionamento da carreira dos grupos para atuarem fora de Curitiba, onde poderiam arrecadar seus próprios recursos.

Importância

Procurados pela reportagem, os diretores artísticos defenderam o papel de seus grupos para a cultura curitibana.

Milton Karam, diretor cênico do Coral Brasileirinho há 21 anos, diz que o grupo, ao trabalhar sobre o repertório de nomes fundamentais da música brasileira, tem um papel importante na formação musical das crianças que passam por seus quadros. "É muito bom que a cidade possa oferecer isso", diz.

Helena Bel, diretora musical do Brasileirinho e violinista da Orquestra à Base de Corda, avalia que dificilmente os grupos poderiam sobreviver sem o apoio da Prefeitura. "Totalmente autônomo, a tendência é desaparecer, porque não conseguiríamos competir. Como você leva ao Rio de Janeiro, por exemplo, uma orquestra com 16 pessoas?", questiona.

Para Sérgio Albach, diretor artístico da Orquestra à Base de Sopro, os grupos artísticos do Conservatório, além de contribuírem para a criação de uma estética própria na cidade, são um patrimônio de Curitiba e a vêm colocando no mapa da música brasileira e mundial. "Falta uma visão da Prefeitura e da FCC em enxergar isso como potencial de divulgação da cidade como pioneira na criação de um Conservatório de MPB, que foi um divisor de águas na nossa cultura", avalia.

Na sua opinião, qual a importância dos grupos artísticos nas políticas públicas da Fundação Cultural de Curitiba?Deixe seu comentário abaixo e participe do debate.

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