
Usar a rua como espaço para receber grandes artistas e proporcionar que o público veja tudo de graça parece ser a fórmula do sucesso da Virada Cultural de Curitiba, que movimentou a cidade em sua segunda edição, no último fim de semana. O tempo ensolarado e quente uma sorte na instável primavera curitibana também ajudou a tirar de casa as 200 mil pessoas que se revezaram entre os três palcos principais e outros 90 espaços da cidade. Para produtores culturais e músicos entrevistados pela Gazeta do Povo, o saldo é positivo, salvo alguns problemas pontuais. Entre as falhas na infraestrutura citadas pelo público está, principalmente, a falta de banheiros. Na Praça da Espanha, por exemplo, quem assistiu aos shows acabou utilizando mais os restaurantes e cafés do que os equipamentos da prefeitura. Segundo o superintendente da Fundação Cultural de Curitiba, Beto Lanza, o crescimento do evento, que superou a expectativa de participantes (inicialmente, era de 150 mil), acendeu a "luz amarela" para a questão estrutural. "Na próxima edição, temos de pensar em algo maior. A sinalização nos banheiros, por exemplo, deve ser aprimorada".
Apesar da boa variedade de estilos na programação, que valorizou a música erudita, o produtor cultural Álvaro Collaço crê que a apresentação da Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) poderia ter sido feita sem o quinteto do bandolinista Hamilton de Holanda. "Ele é um grande músico. Mas o perfil é diferente. Seria uma oportunidade de trazer solistas de música erudita".
No show do Ultraje a Rigor, que reuniu 25 mil pessoas no Palco Riachuelo, o vocalista da banda, Roger Moreira, destacou a postura dos curitibanos. "A cidade é exemplo de povo civilizado" disse. De fato, a Polícia Militar e a Guarda Municipal não registraram ocorrências graves e quem acompanhou os shows não presenciou situações violentas ou furtos. A estratégia da Fundação Cultural, de colocar menos policiamento ostensivo, se mostrou eficaz. "Muitas vezes, a presença massiva não garante o estado de espírito das pessoas, que é o que determina a segurança. As pessoas foram tolerantes", salienta o superintendente.
O ex-líder da Relespública, Fábio Elias, que se apresentou com a banda Supercolor, ressalta que o evento "acaba com o mito de que em Curitiba não acontece nada e as pessoas não se interessam. Todos estão sedentos por cultura".
Balé e teatro
As artes cênicas surpreenderam o público que apostava fichas só na programação musical, em especial a performance do Balé Teatro Guaíra. A apresentação de "Coreografias para Ambientes Preparados", no sábado à noite, colocou projeções nas paredes, bailarinos nas janelas e o público para correr atrás de performers, que, nas calçadas diante do Guaíra, mudavam a posição das apresentações.
Perto dali, o teatro Novelas Curitibanas foi aprovado como ponto de encontro entre um show e outro. "Curitiba não parecia real", diz o organizador da mostra Coletivo de Pequenos Conteúdos, Thiago Inácio. "A grande vitória é que cada vez mais Curitiba está aplaudindo seus artistas", observa o dramaturgo e músico Luiz Felipe Leprevost, que declamou poesia no show da Banda Mais Bonita da Cidade e apresentou um pocket show no Novelas.
Colaboraram Yuri Al´Hanati e Luigi Poniwass
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Interatividade
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