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Feliz "aniverteatro"

Curitiba faz aniversário com as ruas repletas de teatro

Seja no calçadão da Rua XV de Novembro ou no Largo da Ordem, várias atrações modificam o cotidiano da população

Slideshow | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Slideshow (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

Na semana do aniversário da cidade - comemorado nesta quinta-feira (29) - a 16.ª edição Festival de Teatro de Curitiba movimenta as ruas da capital paranaense. É difícil passar pelo Centro e não "esbarrar" com uma das muitas estátuas-vivas, se deparar repentinamente com uma encenação e, até mesmo, participar de uma peça de rua. Seja no calçadão da Rua XV de Novembro ou no Largo da Ordem, várias atrações modificam o cotidiano da população. São verdadeiras intervenções urbanas que servem como cereja colocada sobre o bolo de aniversário.

"Uma das coisas que buscamos é tirar a população da correria, quebrar a unidade da rotina, e transformar um pouco do dia em fantasia e magia", explica Robson Sanchez, diretor da Farsacena Cia. Teatral. O grupo apresenta a montagem de rua do clássico "Sonhos de uma Noite de Verão", de William Shakespeare.

E essa modificação de rotina parece funcionar bem. De terno e gravata, o bancário Felipe Santos, 22, assistia de forma muito compenetrada a comédia "Belelê Balaio", dos cariocas do Grupo Teatral de 4 no Ato. Mesmo com pressa para retornar do almoço para o trabalho, ele parou. "Vi a movimentação e fiquei", são as poucas palavras que diz quase sem tirar os olhos da apresentação.

Como ele, muitas das pessoas que compõem o público das peças de rua são transeuntes apressados com seus afazeres e, não raro, preocupados com os problemas. Eles são movidos pela curiosidade em torno da movimentação estranha e da roda de pessoas, sendo "fisgados" pela peça.

O casal formado pela administradora Sirlene Prado, 41, e o dentista Henrique Bonacin, 37, é um exemplo. Eles vieram de Paranaguá resolver alguns afazeres na capital e toparam com uma grande roda de pessoas. "Ficamos curiosos. É muito divertido. É muito bom ver eles passando entretenimento para a população", afirma Prado.

Após o término de uma peça, muitas das caras amarradas se suavizam, muitos sorrisos aparecem e a roda se desfaz. "Admiro a energia deles. É muito legal ver a alegria que a peça transmite", diz a aposentada Flora Pimentel, de 63 anos.

Para todos

A analista de crédito Michele Carvalho Pinheiro, 28, e seu marido Jorge Pinheiro Junior, 33, estavam voltando do almoço quando encontraram uma roda de pessoas que quase interrompia o fluxo de movimento do início calçadão da Rua XV, próximo a Praça Santos Andrade. "Não vamos ao teatro com freqüência. Mas na rua é de graça. Além do que, esse tipo de coisa acaba incentivando as pessoas a irem mais aos teatros", afirma Michele.

O preço é um dos grandes atrativos do teatro de rua. O máximo que alguns grupos pedem é uma contribuição espontânea no final da apresentação, quando passam o chapéu, antiga tradição do gênero. Pouco pela importância do trabalho. "Buscamos uma maior democratização da cultura, pois na rua todos podem assistir. É para todos", diz o diretor Robson Sanchez, 29, enfatizando o aspecto político-social do gênero.

O pedagogo carioca Valmir Nunes, 46, que vive há 20 anos em Curitiba, concorda. "Esse tipo de cultura não chega à população por causa da inacessibilidade do preço. No Rio é mais barato. O show do Chico Buarque, por exemplo, é um absurdo de caro aqui", afirma. Fora do festival, a cidade fica carente de iniciativas desta ordem. "Por que não promover mais isso?", completa Nunes. A pergunta fica no ar, como um puxão de orelha nos responsáveis por esta criança de 314 anos.

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