
Aos 11 anos, o hoje jornalista André Luiz Molina teve um momento que chama de "despertar". A primeira audição do disco Cabeça Dinossauro, dos Titãs, mudou o resto da sua vida. "Influenciou todas as decisões e atitudes que vieram em seguida", conta.
SLIDESHOW: Veja os 12 álbuns selecionados por André Luiz Molina
A escolha da profissão foi uma delas. Foi por meio do seu ofício que Molina pôde se dedicar a investigar e entender "como alguns jovens da década de 1980 revolucionaram a música brasileira e amadureceram a cultura pop após a redemocratização do país". E mudaram a vida de milhões de outros jovens como ele.
O resultado de dez anos entrevistando músicos e compositores que foram relevantes para a consolidação do rock nacional está no livro O Divã do Rock Brasileiro", que o autor lança amanhã, em Curitiba.
No subtítulo da obra, A Música Jovem da Década de 80 por Quem Esteve Lá, está a pista que Molina seguiu para analisar o fenômeno: uma série de entrevistas com ícones da época, como Lobão, Leo Jaime, Nasi, Tony Bellotto, Roger Moreira, Marcelo Nova, Evandro Mesquita, Ivo Rodrigues, João Gordo, Marcelo Bonfá, Serguei, Kid Vinil e outros.
"Para mim, o rock nacional dos anos 1980 é tão importante quanto foi a tropicália ou a bossa nova", compara. "Quando o rock surgiu, os puristas da MPB não o levaram a sério e previam que fosse um fenômeno passageiro."
Para o autor, porém, depois do surgimento de bandas como Titãs, Legião Urbana e "de um poeta como Cazuza que trouxe a poesia e a dor da velha guarda e colocou na guitarra de blues do [Roberto] Frejat é que os grandes nomes começaram a perceber a importância da onda".
"O auge do rock foi muito mais duradouro que esses outros movimentos e, bem ou mal, ainda está por aí, sobrevivendo", diz.
O nome do livro tem duas origens. Era uma sessão em um pequeno jornal, no qual o autor iniciou sua carreira no jornalismo e para o qual parte deste material foi produzido. "Por outro lado, essas entrevistas feitas na íntegra, sem muita edição, muitas com tom confessional e visceral, dão uma boa ideia dos traços da personalidade dos entrevistados", explica.
Geografia
O livro é dividido em 12 capítulo. O primeiro, dedicado à "pré-história" do rock e o segundo, à primeira edição do Rock in Rio, em 1985, momento fundador do cena do rock nacional. Depois, os capítulos são divididos por estados e o autor aproveita para "descrever características particulares do desenvolvimento da cena do rock em cada um".
Nesse ponto, Molina avalia que esteja o grande diferencial de seu livro entre tantos que abordam o mesmo tema. "Como eu sou aqui do Paraná, quis fazer uma justiça e tratar também os nomes daqui, que fizeram parte dessa história, como o Blindagem, a cena punk do anos 1980, que teve projeção nacional e também o Eduardo Paraná (nome usado à época pelo músico Kadu Lambach), que foi guitarrista fundador da Legião Urbana." No fim, Molina fala das bandas de sucesso efêmero e indica uma biblioteca básica para entender o rock brasileiro.
















