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Efeito ilha: Manhattan-Mel- Em Nova York, vitrines da Bergdorf Goodman mostram arte conectada com moda: os reflexos são propositais. É a instalação dialogando com a rua, a cidade, as pessoas. A arte a céu aberto na urbe. Em contraste, mas dialogando com as imagens clicadas na Big Apple, obras do artista popular David, em exposição em um restaurante na Ilha do Mel, litoral do Paraná | Fotos: Bia Moraes
Efeito ilha: Manhattan-Mel- Em Nova York, vitrines da Bergdorf Goodman mostram arte conectada com moda: os reflexos são propositais. É a instalação dialogando com a rua, a cidade, as pessoas. A arte a céu aberto na urbe. Em contraste, mas dialogando com as imagens clicadas na Big Apple, obras do artista popular David, em exposição em um restaurante na Ilha do Mel, litoral do Paraná| Foto: Fotos: Bia Moraes
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Não faz muito tempo, funcionava assim: quem tivesse ideias diferentes precisava sair de Curi­­tiba para "acontecer". Por aqui não vingariam projetos como núcleos de moda, coletivos de arte, escritórios de design, produções em cinema e outras iniciativas assim.

Antes, a turma do teatro e os escritores boêmios eram "as" tribos de vanguarda. Era para eles que tinha que se olhar, quando se pensava em novidades. Eles eram conectados com a modernidade de Rio, São Paulo, Londres.

Depois vieram as bandas. Muitas. Com a música, vem muito mais. Onde tem bastante gente fazendo som, tem de ter muita gente fazendo roupa, maquiagem, figurino, cabelo, poemas, zines, HQs, audiovisual, cenografia. Tem de ter, claro, as garotas doidonas que namoram os caras das bandas. Que também vão fundar suas próprias bandas... e assim por diante.

O tempo foi passando. A cidade tem moda, design, arte urbana, música de todo tipo, cultura pop e novos comportamentos. Existe toda uma nova cena – não enxerga quem não quer.

A garotada agora sai de Curi­tiba, viaja pelo mundo e volta. Mui­­tos ficam no vaivém entre ci­­dades. Há os que vêm de outros lugares para aqui viver e estabelecer novas formas de criar, trabalhar e respirar. Um pé na internet, sempre. Outro nas ruas, nas festas, nos lugares novos que vão apa­­recendo.

Mas quem são "eles"? Soa antiquado pregar etiquetas nas pessoas. Fulano é "moderno". Ma­­ri­­co­tinha é "alternativa". Ninguém quer sair por aí com rótulo grudado na testa. "Sou moderno". "Sou alternativo". É limitador. Porém, palavras são necessárias para entender o que acontece.

Dá para chamar essa turma de "independentes". Eles estão fora do mundinho fashion. Não necessitam de shopping, de marketing, de comercial pago. O mundo deles não é o planeta com fronteiras delimitadas por indústrias têxteis ou diabas de prada. Ainda bem – é preciso ter espaço para todo mundo. Para todo tipo de consumo e criação.

(Volto de uma viagem a Nova York e me perguntam o que vi lá pelas ruas. O que está se usando, quais as tendências? Embatuquei. Não enxerguei tendência nenhuma – acho que nem procurei. Fui procurar respostas. O que vi foi a maior variedade possível de estilos, roupas, cortes de cabelo, cores de unhas, acessórios, sapatos. Cada um desenvolvendo sua linguagem no vestir. Atitude dialogando com a com a forma de viver, criar e de enxergar o mundo em volta. A roupa é mais uma forma de "falar". Mais do que nunca, entendi o quanto a arte, sob qualquer forma, é libertadora, libertária e infinita.)

Há quem diga que esse movimento recente em criação de moda curitibana é passageiro. Que essa moçada, no fundo, quer mais é entrar no sistema. A premissa seria: todo mundo quer ser aceito pelo mainstream – ter loja, ser contratado por uma grande marca – assim como to­­da banda de garagem sonha assinar com uma gravadora, ganhar fama e sair em turnê pelo planeta. Será?

Pode ser que sim. Os caçadores de tendências – trendsetters que buscam os movimentos nas ruas, mastigam e entregam pronto para os birôs de moda, que por sua vez fornecem as fórmulas para grifes montarem coleções – acabam chegando a essa turma. A moda de garagem pode ir parar no consumo de massa.

Mas pode ser que não, também. Eles, criadores, é que vão nos dar a resposta. No final da próxima década, cada um desses jovens vai ter uma história. Difícil imaginar que todos os integrantes citados nesta edição do Caderno G Ideias, daqui a alguns anos, sejam estilistas consagrados no sistema. Não por falta de talento.

Eles poderão optar por não fazer parte do sistema – e isso não é, necessariamente, sinônimo de fracasso. Pode ser uma escolha consciente. Manter-se conectado a criação, a arte, desenvolver seu estilo e conseguir fazer disso uma forma de viver e trabalhar. Essa turma tem, desde já, o poder e a responsabilidade de derrubar fronteiras e abrir caminhos para quem vier depois. Mudar o cenário de vez, e fazer a Curitiba underground conviver e conversar com a Curitiba tradicional. E é por aí que novas bandas vão tocar.

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