Quando pela primeira vez acompanhou um primo mais velho a grafitar muros em Lausanne, cidade encravada nos Alpes da Suíça, o então adolescente Nuno Miguel Brizida Barros percebeu o rumo que a vida dele ia tomar. Tinha, na época, 15 ou 16 anos. "Gostei do cheiro do spray", recorda. Era só mais uma aventura para o garoto que, nascido em Angola, teve de fugir com a família da guerra civil no país natal e, 20 anos mais tarde, acabaria em Maringá, onde hoje se dedica à paixão descoberta naquela saída com o primo.
Nuno tem 30 anos e atende muito mais como Skor, seu codinome adotado entre os grafiteiros. Há cerca de oito meses vive no Paraná, para onde veio em razão de outro acontecimento inusitado em sua vida. Em maio de 2009, foi dar uma olhada em seu fotolog e viu uma mensagem de uma advogada de Maringá. Trocaram e-mails e mais e-mails, até que decidiram se conhecer pessoalmente. Viajaram pela Europa, voltaram ao Brasil. Casaram-se.
Não podia haver país mais apropriado para morar, diz ele. Isso porque, segundo Nuno, o traço do grafite brasileiro é dos mais respeitados em toda a Europa. "É um desenho inovador, precursor", resume. "Na Suíça, entre meus amigos, sempre que alguém aparecia com imagens de desenhos brasileiros, todos ficávamos em volta e queríamos saber mais." Quando decidiu que se mudaria de país, passou a fazer contato com os expoentes da arte aqui entre eles, os curitibanos Japa, Afoer e Devis.
Em Maringá, entre um grafite e outro, estuda Design Gráfico. Tem um plano ousado: grafitar, com os colegas paranaenses, os muros do centro esportivo da cidade e fazer do espaço uma referência em arte urbana. Para isso, monta um dossiê para apresentar à prefeitura e conseguir a autorização. O resultado, ele garante: "A gente dá vida àqueles espaços cinzas feios, àquele amarelo podre que predomina nos muros. As pessoas param, olham e adoram os nossos desenhos. Veem que não têm nada de agressivo, que é arte mesmo."



