
Lançado na Inglaterra em 2010, o livro Os Mil Outonos de Jacob de Zoet do britânico David Mitchell será publicado no Brasil na primeira semana de maio, após cinco anos de boa repercussão na imprensa especializada internacional.
A obra é uma aposta da editora Companhia das Letras que segurou por dois anos a tradução de Daniel Galera no trabalho mais difícil que este já enfrentou, pois “a história se passa numa situação muito específica. Trata não só da vida no Japão, como também de conflitos históricos, batalhas navais, vocabulários que exigiram muita pesquisa”, disse Galera em entrevista à Gazeta em 2013.
Com efeito, pode-se dizer que o livro é um romance histórico, cujo exótico pano de fundo é o Japão da virada do século 18 para o 19. O protagonista é um jovem escriturário holandês Jacob de Zoet que, por força de sua atividade, consegue furar o bloqueio a estrangeiros na fechada e misteriosa sociedade japonesa da época. E mais não posso dizer, pois ainda não conclui a leitura da prova enviada pela editora e tampouco li o outro romance dele traduzido ao português, Menino de Lugar Nenhum (2008). Só sei dizer que este, como aquele, é um livro caudaloso. De quase 600 páginas.
Aliás, os cinco livros juntos somam perto de 5 mil páginas. Uma prolixidade que fez a língua ferina do ensaísta James Wood, da revista New Yorker, perguntar: “David Mitchell tem muito para falar, mas será que tem algo a dizer?”
Uma curiosidade que compartilho, pois Mitchell ganhou prêmios interessantes e é tido por autores que merecem meu respeito como uma espécie de “grande esperança branca” de sua geração na literatura britânica. Seu livro mais incensado, Cloud Atlas, só chegou ao Brasil numa adaptação cinematográfica, A Viagem, de 2012. Um filme, digamos, controverso, dos irmãos Andy e Lana Wachowski.
O tanto que li até agora me fez sentir diante de um ótimo contador de histórias, em que reconheci de antemão “a despretensão, o bom humor e a prosa decente” que mesmo James Wood identificou em sua escrita.
Se ele tem alguma coisa para contar, talvez eu possa dizer melhor daqui a algumas semanas...



