
Entre seus amigos, há aqueles que nunca conheceu, mas que o influenciaram. Caso de Kurt Cobain (19671994), que surge escancarando a "amizade" em um pôster na parede frontal de seu estúdio. Outros famosos ajudaram a definir musicalmente quem é Rodrigo Lemos: Chico Buarque, Caetano Veloso etc. Como ele mesmo diz, os "standards" da música brasileira. Cultivando amizades duradouras e apostando em músicas autorais, Lemos foi cofundador da Poléxia, uma das bandas independentes de maior expressão na música local. Ao colher os frutos do bom relacionamento interbandas, Lemos surge agora em um novo projeto, que já tem data e local para acontecer pela primeira vez ao vivo. O Projeto Lemos "ou só Lemos", sugere , estreia no James Bar, em Curitiba, abrindo o show da banda Nevilton no próximo dia 29.
"Eu já participei de muitas bandas. Agora parece que as bandas participam de mim", disse o músico, no estúdio montado em sua casa no Bairro Alto, em Curitiba. O projeto é um verdadeiro viva ao Dia do Amigo comemorado ontem, data da entrevista. Os convidados, amigos e novos parceiros, são Alexandre Rogoski (baterista, integra o grupo Baque Solto); Diego Perin (baixista da Banda Gentileza); Vinícius Nisi (tecladista); Luís Bourscheidt (percussão); e Thiago Chaves (guitarra). Os três últimos participam da Banda Mais Bonita da Cidade. A gravação das cinco músicas que compõem o EP a ser lançado virtualmente no mesmo dia do show também teve a colaboração de Marcelo Oliveira (flauta), João Marcelo Gomes (baixo acústico) e Uyara Torrente (voz).
"Tenho facilidade em transitar em diversos meios, não só o do rock. Então temos um projeto, mas não necessariamente um grupo fechado", explica o músico, citando como possíveis exemplos logísticos os grupos Orquestra Imperial, do Rio de Janeiro, e Hurtmold, de São Paulo. "Meu objetivo é tocar com e para o maior número de pessoas", resume Lemos. A sonoridade do novo projeto, segundo o próprio, é calcada no rock e no pop característicos de seus trabalhos anteriores, porém com certa brasilidade. Mas nada sério. "Não vou virar sambista", diz, aos risos.
Da Lapa ao Bairro Alto
Rodrigo Lemos tem 27 anos. Nasceu no Rio de Janeiro e aos dez se mudou para Curitiba. É filho único. "Meus pais eram meus amigos de infância", diz. E foi com seu pai que aprendeu os primeiros acordes. Dele também ganhou a primeira guitarra, logo aos doze. Foi sua descoberta do rock, com um empurrãozinho sujo do Nirvana e de outras bandas grunge que dominaram o começo da década de 1990. Aula mesmo só fez com Marco McCoy, guitarrista da extinta banda Cores DFlores. "Era meio autodidata", relembra Lemos, formado em Produção Musical pela Universidade Federal do Paraná.
A Poléxia surgiu com o vizinho da rua de baixo, que viria a se tornar um de seus melhores amigos sempre eles. O tecladista Dudu Cirino, hoje integrante da banda Te Extraño, estava na formação inicial do grupo, em 2002, ao lado de Juninho Jr. (bateria) e Raphael Santos (baixo e backings). Meteórica, a banda voou de um show chinfrim em uma festa de faculdade (o primeiro), para o palco do Curitiba Pop Festival na Pedreira Paulo Leminski, em 2004. Ah, na mesma noite os norte-americanos do Pixies também subiram ao palco.
O curso natural seguiu com o primeiro e elogiado disco (O Avesso, de 2004) e com o segundo (A Força do Hábito, de 2009). Nesse período a banda contou com três baixistas e três bateristas diferentes. "O problema foi a instabilidade", constata Lemos. "Mas acabou sem ferida alguma. No sentido artístico fomos plenamente felizes".
Frutos
Lemos soube utilizar seu bom relacionamento para avançar musicalmente. Conseguiu, por exemplo, que John Ulhoa, do Pato Fu, fosse o produtor do segundo disco da Poléxia. Tocou com diversas bandas da cidade (Sabonetes, Mordida, entre outras colaborações) e trocou figurinhas com integrantes dos pernambucanos do Mombojó e dos paulistas da Ludov.
"Não tenho essa postura de militância. A polêmica pela polêmica nunca me interessou. Eu sou pacífico", constata. "Curitiba dá boas condições para todo mundo. O que faço é abrir outras portas e aproveitar as que já estão abertas", ensina Lemos, músico, cantor, compositor e cultivador de amizades.
Serviço:
James Sessions Projeto Lemos e Nevilton. James Bar (R. Vicente Machado, 894), (41) 3222-1426. Dia 29, às 22 horas. Ingressos a R$ 8. Na internet: www.myspace.com/projetolemos.




