
Não é exatamente uma regra, mas refilmagens de longas-metragens cultuados ao longo de décadas costumam decepcionar. No entanto, os fãs dos filmes de terror do diretor Sam Raimi (famoso pelos três volumes da franquia Homem-Aranha) podem ficar despreocupados: o remake do clássico A Morte do Demônio, que chega nesta sexta-feira aos cinemas, presta um tributo mais que fiel à sua matriz.
Com direção e roteiro do estreante Fede Alvarez e produção do próprio Raimi ao lado de Bruce Campbell, protagonista do original e de suas sequências, Uma Noite Alucinante e Uma Noite Alucinante 3 , a nova versão atualiza o original sem macular sua aura cult. Ou melhor, faz com US$ 17 milhões o que Raimi fez em 1981 com apenas US$ 375 mil.
Ao contrário do orçamento, a premissa básica da trama continua a mesma: cinco jovens resolvem passar uma temporada em uma velha cabana no meio de uma floresta e lá descobrem um livro macabro encapado com pele humana e com anotações feitas em sangue que, quando lido, liberta forças demoníacas mortais.
Agora, porém, o grupo tem motivos a mais para estar lá e se recusar a ir embora mesmo após as primeiras manifestações do mal. Viciada, a jovem Mia (Jane Levy) decide deixar as drogas com a ajuda do irmão David (Shiloh Fernandez) e dos amigos Eric (Lou Taylor Pucci), Olivia (Jessica Lucas) e Natalie (Elizabeth Blackmore), isolando-se na antiga cabana de sua família durante o período de abstinência.
No remake de Alvarez não há preâmbulo ou suspense a ação, ou melhor, o terror, tem início logo nos primeiros minutos de exibição, com a câmera em ritmo frenético e non-stop. O que se vê, a partir de então, é gore do início ao fim: litros intermináveis de sangue, mutilações dos mais diversos tipos e violência sexual (neste caso, praticada por um enorme galho de árvore, recriando a polêmica cena do original).
A cabana, mesmo caindo aos pedaços, revela um arsenal de ferramentas fatais, todas devidamente utilizadas pelos personagens quando possuídos pelo capeta: martelo, pé de cabra, rifle, faca elétrica, estilete, disparador de pregos, agulhas de seringas, e, como não poderia deixar de ser, uma serra elétrica.
Apostando em uma estética mais iluminada que a dos atuais filmes do gênero, Alvarez não se limita a imitar o filme original, mas o recria com personalidade. O diretor uruguaio descoberto por Sam Raimi a partir do curta-metragem Ataque de Pánico!, sucesso no YouTube em 2009, não abre mão do humor negro, mas o faz de maneira mais contida que seu mestre. O resultado é um filme assustador sem soar datado e divertido sem descambar totalmente para o chamado "terrir".



