
Pode ser que pouca gente se lembre imediatamente do nome e do rosto de Paulo Diniz, convidado da banda curitibana Maxixe Machine para os shows de hoje e amanhã, às 21 horas, no Teatro do Paiol (Praça Guido Viaro, s/n.º ? Prado Velho). O cantor e compositor pernambucano admite: tem estado quieto, trabalhando com muita calma. ?É um momento de plenitude?, diz. Além disso, jamais se apresentou em Curitiba, embora tenha passado por aqui há cerca de 25 anos e tivesse amigos ilustres na capital paranaense, como Paulo Leminski e Wilson Bueno. Mas basta procurar pelas composições mais conhecidas de Diniz para constatar: o convidado do show I Wanna to Go Back to Paiol é uma visita das mais importantes.
?Tenho alegria de saber que minha música continua de pé, que meu trabalho continua vivo. As pessoas não lembram é da minha cara?, brinca o músico, que é autor do sucesso ?Eu quero voltar pra Bahia/I Want to Go Back to Bahia?. ?Mas continuo fazendo muitos shows, de Manaus a Goiânia. Tem uma recepção muito boa de meu trabalho, que tem mais de 30 anos, por todo o Norte e Nordeste. E aqui tem esse reflexo?, diz o músico, aos 71 anos.
Além do megahit, entre as canções do compositor estão ?O Meu Amor Chorou?, ?Piri-piri?, ?Pingos de Amor? e ?Um Chope para Distrair?. ?A banda, para a minha alegria, gosta muito das minhas coisas de décadas passadas. Então nós vamos cantar nossas músicas juntos?, diz o músico, que é modesto em relação ao próprio trabalho, mas não economiza elogios à Maxixe Machine.
?Estou conhecendo os meninos agora. O Rodrigo [Barros, vocalista da banda] me ligou há uns meses com esse projeto e eu absorvi facilmente, porque simpatizo em trabalhar com pessoas jovens e ele é um cara muito bom de se trabalhar. Ele me ligou e falou da banda, e passei a vê-los pela internet. Agora eu já estou desejando que se transforme em algo permanente, que façamos mais coisas?, diz. ?São pessoas muito interessadas, ativas musicalmente.?
Convite
Barros conta que Diniz é uma das únicas referências da Maxixe Machine com quem os músicos poderiam se apresentar ? de acordo com o modelo do edital da Fundação Cultural de Curitiba que traz a cidade um nome relevante da música brasileira para se apresentar com um artista local. As ideias musicais da banda, muito ligadas ao pop rock da década de 70, que corria por fora da MPB tradicional, se conectam com o trabalho do pernambucano.
?Ele é um dos únicos compositores, entre os ?malditos? da MPB, que ainda está vivo. Era o cara perfeito. E é mais genial que a gente pensava. As músicas dele são tão legais que já estamos tocando nos shows da Maxixe? explica o vocalista. ?Ele é black music, mas pré-black music. Era um cara que já estava antenado nesse tipo de movimento, de ouvir James Brown, naquela época?, diz.
As misturas que Diniz faz em suas músicas também estão de acordo com a sonoridade da Maxixe Machine, que, de acordo com Barros, não tem uma formação ?ortodoxa?. ?Nunca fomos a favor dessa MPB dos puristas, que era contra a Tropicália. Tem que ter mistura. O Paulo é filho da Tropicália, e nós somos netos?, brinca.



