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Jack Torrance (Jack Nicholson): aparições enlouquecem escritor | Divulgação
Jack Torrance (Jack Nicholson): aparições enlouquecem escritor| Foto: Divulgação
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Macabros

Veja alguns filmes sobre o diabo que tiveram incidentes estranhos:

O Bebê de Rosemary (1968)

Na estreia do sucesso que fez Hollywood adotar Roman Polanski, William Castle, um dos produtores do filme, foi ameaçado de morte. Pouco depois, ele foi hospitalizado com problemas cardíacos, e seus familiares o ouviram gritar: "Largue essa faca, Rosemary!". Sem saber, seus parentes o internaram no mesmo hospital onde estava Krzysztof Komeda, autor da trilha sonora do longa, que morreu aos 37 anos em decorrência de um acidente de carro, pouco depois de o filme ser lançado. Em 1969, a atriz Sharon Tate, mulher de Polanski, grávida, foi assassinada pela seita de Charles Manson.

O Exorcista (1973)

Um dos mais promissores diretores de sua geração, William Friedkin nunca mais emplacou um sucesso de público após lançar esta adaptação para o romance de William Peter Blatty. Em suas filmagens, a atriz Ellen Burstyn sofreu uma lesão na coluna, na cena em que sua personagem é empurrada pela filha possuída, vivida por Linda Blair, que, antes do lançamento, recebeu ligações anônimas ameaçando-a de morte. Num recesso das filmagens, um dos vigias do estúdio foi baleado, sem razão aparente.

A Profecia (1976)

Assim que Gregory Peck recebeu o roteiro, o filho mais velho do ator, Jonathan, cometeu suicídio. De luto, Peck aceitou filmar o longa na Inglaterra. Numa viagem, seu avião foi atingido por um raio. Ao mesmo tempo, o hotel em que o diretor Richard Donner se hospedou foi bombardeado pelo IRA. O cineasta escapou. Já no set, cães treinados (e dóceis) atacaram a equipe.

Forças sobrenaturais manifestadas em forma de um documentário – que vem devorando prêmios nesta temporada pré-Oscar – estão fazendo Hollywood descobrir segredos e teorias conspiratórias acerca de um dos filmes mais cultuados da história do horror: O Iluminado (The Shining, 1980), de Stanley Kubrick (1928-1999). Recém-lançado nos EUA, sem data de estreia no Brasil, Room 237, de Rodney Ascher, vem causando sensação ao garimpar interpretações filosóficas sobre a adaptação do romance homônimo publicado por Stephen King em 1977. E para chegar a teses como a de que o longa-metragem estrelado por Jack Nicholson seria uma metáfora para o Holocausto, Ascher provou serem verdades histórias folclóricas de bastidores de filmagem. Entre elas estão um incêndio que teria sido causado pela alta temperatura dos refletores e a opção de Kubrick por exibir Eraserhead, de David Lynch, aos atores, para fazer o elenco entender (e incorporar) o mal.

"Existem relatos de que o local das filmagens (os estúdios Elstree, em Borehamwood, na Inglaterra) ficou sob o efeito de energias ocultas, despertadas pelo tema fantasmagórico do longa, que demorou quase um ano para sair do papel devido ao cuidado de Kubrick. O fogo que atingiu uma das alas do set, sem causa comprovada, é um dos indícios do mistério na filmagem", diz Rodney.

Conta-se, por exemplo, que, antes de Kubrick fechar com Nicholson, os produtores ofereceram o roteiro a Robert De Niro, que disse não após ser acometido por uma série de pesadelos nas noites em que leu o roteiro. Técnicos convocados por Kubrick para a produção de US$ 19 milhões (cuja bilheteria nos EUA chegou a US$ 44 milhões) falam de vultos que apareciam nos espelhos distribuídos pelo cenário. Causos assim hoje espalham-se pela internet, indo desde portais especializados como o Metacritic a sites pipoca como Hugo Nebula, passando pelo jornal The Guardian, fazendo as supostas maldições de O Iluminado ultrapassarem as lendas urbanas em torno de filmes também rodeados de mitos, como O Exorcista (1973). Ascher tentou ir além delas em Room 237, cujo título evoca um dos quartos do Overlook Hotel, onde a trama se passa. Lá, o escritor alcoólatra Jack Torrance (Nicholson) se instala com a mulher, Wendy (Shelley Duvall), e o filho paranormal, Danny (Danny Lloyd), e começa a ver aparições que o enlouquecem.

"Um dia, li uma teoria louca sobre O Iluminado e percebi o quanto um conjunto de imagens é capaz de gerar interpretações muito além do que os cineastas poderiam prever. No caso, estamos olhando para um filme que, ao lado de O Bebê de Rosemary e O Exorcista, modernizou os parâmetros do terror ao fazer uma abordagem realista do sobrenatural. Room 237 junta uma série de leituras psicanalíticas e sociais da história de Torrance", afirma Ascher, que não não quis ouvir King – o escritor é avesso ao longa de Kubrick, por considerá-lo distante de seu livro.

Room 237 levanta a hipótese de que, em O Iluminado, a cascata de sangue que brota de um elevador e a montanha de malas abandonadas pelos hóspedes seriam alusões veladas ao extermínio de judeus em mãos nazistas. Exibido em Cannes e Sundance, o documentário fala ainda que a imagem de uma lata com um índio no rótulo, focalizada várias vezes pela câmera, seria uma reflexão sobre o extermínio de tribos. Há também indícios de que o filme seria uma denúncia cifrada pelo próprio Kubrick de seu envolvimento no que teria sido a farsa armada por Hollywood do pouso da Apolo 11 na Lua em 1969 (quando o homem pisou pela primeira vez no satélite terrestre e que para alguns nunca aconteceu). Ascher só não apurou o envolvimento do diretor brasileiro Nelson Pereira dos Santos no projeto. Em 1980, Kubrick chamou Nelson, que à época lecionava nos EUA, para dirigir a dublagem do longa para o português. O diretor de Vidas Secas pôs Allan Lima para fazer a voz de Nicholson e Betina Vianny para dublar Shelley.

"Falávamo-nos por telefone, e ele me proibiu de aliviar os palavrões e palavras fortes na dublagem", lembra Nelson. "Kubrick sabia que o texto tinha uma força única, que deveria ser preservada se vertida a outras línguas. E, embora ele tivesse fama de severo, comigo sempre foi um cavalheiro."

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