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Festival de Curitiba

Diário de Um Louco

O ator e diretor Elias Andreato faz uma colagem de textos clássicos no monólogo Doido, estreia nacional na capital paranaense

Andreato: “Doido é um roteiro sobre amor e arte.” | Divulgação
Andreato: “Doido é um roteiro sobre amor e arte.” (Foto: Divulgação)
Saiba mais sobre a trajetória de Elias Vicente Andreato |

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Saiba mais sobre a trajetória de Elias Vicente Andreato

O palco do Pequeno Auditório do Teatro Positivo recebe amanhã (24) a primeira apresentação do espetáculo Doido. O ator Elias Andreato procura caminhar, ouvir canções e, acima de tudo, controlar a respiração para manter baixa a ansiedade. Mas isso não tem sido fácil.

A peça, na mostra contemporânea do Festival de Curitiba, é um projeto que o paranaense de Rolândia (radicado em São Paulo) elabora há algum tempo.

"Aos 54 anos, ninguém faz um monólogo para se exibir", diz Andreato, que pinçou fragmentos de autores variados. De Shakespeare a Nietzsche. De Maiakovski a Goethe. O ator, que também assina a direção, explica que a soma desses textos compõe um discurso que ele sente necessidade ("orgânica") de enunciar.

"O público terá diante de si, no palco, um homem falando sobre a sua solidão, o amor e a respeito do ofício de ser ator."

Doido, como o título sugere, também problematiza a questão da insanidade. Andreato, a partir das leituras que fez para estudantes de teatro, tem a impressão de que a montagem pode encontrar ressonância entre os jovens, muitas vezes enovelados em angústias e em "descarrilhamentos de trilhos" diante da necessidade de afinar a própria existência e projetos com os ruídos e turbilhões do mundo.

Nuances do processo

Do mais recente réveillon até a sexta-feira da semana passada (20), Andreato ensaiou diariamente. Ouvia gravações dos textos antes de adormecer e logo nos primeiros instantes após acordar. Se caminhava pela Consolação, Vila Madalena ou Praça Roosevelt, dizia "internamente" as falas. Foi um processo desgastante? "Sim, como qualquer trabalho. Mas, também, extremamente prazeroso."

"Superfeliz" é como Andreato define o seu presente, sobretudo porque um sonho se torna realidade. Depois de atuar em mais de cem peças, Andreato, agora sem a interferência de nenhum diretor (que neste caso é ele mesmo), minimizou recursos gestuais e de corpo. A energia está canalizada na inegável força que a palavra tem e pode vir a ter na interação com o outro, que é a plateia.

De acessórios e relax

O monólogo, com início e desfecho anunciados por canções japonesas, tem a programação visual assinada pelo irmão de Elias, Elifas Andreato, um dos artistas gráficos mais requisitados e premiados da atualidade.

O cenário, concebido por Carlos Rossi, traz uma mesa, uma cadeira e objetos como boneca, caixa de música e um punhal (elemento manipulado pelo ator no momento em que ele diz um trecho de Hamlet).

Dependendo do que aconteceter nesta terça-feira, Elias Andreato, finalmente terá uma noite sem tensão. "Tenho muita expectativa para essa estreia." E, então, relaxado, quem sabe as glândulas suprarrenais do ator voltem a produzir adrenalina para ele retornar à cena na apresentação da quarta-feira (25).

"Toda véspera de entrar em cena deixa o ator, de certa maneira, ‘transtornado’. Isso não é ruim. Ao contrário, é o que nos move." Que assim seja.

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