
Um teatro abarrotado em um fim de tarde de domingo, muito calor, gente saindo pelo ladrão. Sim: domingo, uma peça de conclusão de oficina e diretor anunciando sessão extra, tal a procura para ver o musical O Que Que Qué Que a Carmen Tem?
Resultado da oficina Teatro de Revista, do Lala Schneider, a montagem teve, ao todo, seis apresentações e buscou adaptar, a partir da biografia de Ruy Castro, a vida de uma das mais marcantes artistas do século 20, cerne da identidade musical brasileira.
Por quase duas horas, três moças representaram diferentes etapas da vida da Pequena Notável. Marília de Alcântara interpretou Carmen antes do estrelato, ainda em contato inicial com o mercado fonográfico. Amanda Pickler trouxe a fase do estrelato nacional e Vanessa Strelow fez a carreira em Hollywood. Nos entornos, passagens dramáticas e extravagâncias, bem aos moldes do teatro português de revista e do estilão pomposo de Carmen.
A força do novo
De "Uva de Caminhão" à cortante "Pois Sim, Pois Não", a trupe entregou-se no campo. Naturalmente, uma peça com mais de 20 atores, em diferentes níveis de desenvolvimento, careceu de regularidade. Alguns momentos, como a homenagem à Dercy Gonçalves, um dos mais importantes nomes do teatro de revista do Brasil, ficaram pendurados na narrativa.
Entretanto, há muito o que se considerar de positivo, da audácia de figurinos à dinâmica de palco. E a jovem Amanda Pickler, que já havia feito uma interpretação bem segura em Eles Não Usam Black-Tie, no papel de Terezinha, e compôs aqui uma Carmen encantadora.



