
Originalmente, não era para ter durado tanto tempo, mas a repercussão positiva que Downton Abbey está tendo mundo afora alongou a vida da série britânica, cuja quarta temporada estreou na semana passada no GNT. Alguns personagens desapareceram para que os atores pudessem seguir seus planos originais. Assim, Matthew Crawley (Daniel Stevens) deixou Lady Mary viúva e a criada Sarah OBrien (Siobhan Finneran) abandonou Lady Cora.
O tempo avançou e agora a nobre família Crawley vive os primeiros anos da década de 1920, com a tecnologia e os novos costumes batendo às portas do castelo. As mudanças atingem os dois grupos de personagens sobre os quais a série se constrói: os nobres e a criadagem.
Para quem não viu Downton Abbey, explica-se: a originalidade da trama se baseia na ênfase dada tanto à vida dos patrões (a família de nobres que é dona da propriedade) quanto à vida da sua grande criadagem.
Criticada na sua terra natal, a série ganhou fãs não só no Brasil quanto nos Estados Unidos. Por lá, a única queixa é de que as temporadas estreiam com um "delay" em relação ao Reino Unido, um pouco menor que o atraso que existe no Brasil para a exibição dos episódios. Fora isso, ela vem sendo acompanhada pelo público com o fervor de fãs de novelas. Esta semelhança com as novelas é uma das críticas que os britânicos, principalmente na imprensa, fazem ao trabalho do roteirista Julian Fellowes. Ele estaria fazendo uma soap opera sem verossimilhança com o mundo que existiu dentro das grandes propriedades da realeza. A distância entre patrões e empregados era muito maior e as situações mostradas na série nunca aconteceriam, dizem os críticos.
Para os brasileiros, assim como para a plateia americana, aquele universo é, de qualquer forma, 100% ficcional, e não histórico. É ficção de boa qualidade e bem filmada. Impressiona a capacidade de Fellowes de colocar um número grande de personagens em cada episódio e ainda assim dar um pouco de profundidade a cada um deles. Os atores ajudam muito a conseguir esse efeito. Todos têm bons recursos dramáticos.
E Downton Abbey tem Maggie Smith. A atriz de 79 anos encarna, com um talento que salta aos olhos, a condessa conservadora, mas pragmática e amorosa com os seus. Antipática à primeira vista, é dona de um humor fino e direto. Cabe a ela as melhores tiradas da série. A existência de Lady Violet Crawley por si é razão para alguém querer assistir Downton Abbey.



