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Teatro

Duplo homicídio no Novelas Curitibanas

Inspirados nas noites do Grand Guignol, companhia Vigor Mortis estreia nova peça formada por duas montagens diferentes

Rubia Romani é a protagonista de Crime no Manicômio | Marco Novack/Divulgação
Rubia Romani é a protagonista de Crime no Manicômio (Foto: Marco Novack/Divulgação)
O elenco de Farol em Fúria, que tem texto do próprio diretor |

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O elenco de Farol em Fúria, que tem texto do próprio diretor

O Novelas Curitibanas vai se transformar no célebre teatro de horror Grand Guignol parisiense: pelo menos, a partir de amanhã, quando a companhia Vigor Mortis estreia o novo espetáculo, Duplo Homicídio na Chaptal 20, com direção de Paulo Biscaia Filho.

A ideia, conta o diretor, foi mesmo a de converter o espaço curitibano, situado numa casa histórica de 1902, em uma "sucursal da Rue Chaptal", endereço do Grand Guignol que, de 1897 a 1962, exibiu inúmeros espetáculos de horror. Mais: acabou se transformando em uma das maiores referências deste gênero teatral, legado que é uma das bases dos estudos da companhia curitibana desde a sua formação, há 17 anos.

No Guignol, costumavam acontecer várias peças durante uma só noite. Por isso, Duplo Homicídio (viabilizado pelo Fundo Municipal de Cultura) é formado por duas diferentes montagens: Farol em Fúria e Crime no Manicômio – ambas duram em média 50 minutos, e as apresentações terão um intervalo de 15 minutos entre elas.

Farol é um texto original de Biscaia, que se inspirou em outras duas produções do teatro francês: Os Faroleiros, que traz o tema da hidrofobia, e Orgia no Farol que é mais "sanguinolenta", de acordo com o diretor. "Mas nenhuma das duas me satisfaziam. Peguei elementos de cada uma e construí um texto próprio." Para a história, que se centra nas irmãs Meg e Lizzie, donas de uma pousada na ilha de Nantucket, na Nova Inglaterra, no pós Segunda Guerra Mundial, o diretor se inspirou em uma experiência pessoal: ele passou uma temporada no lugar, um balneário de verão. "Foi há dois anos, estava na ilha no último dia da temporada e no dia seguinte. O lugar vira uma cidade fantasma", conta.

Na montagem, estão as atrizes Guenia Lemos – que também é a responsável pelo cenário dos espetáculos, repletos de referências a filmes noir dos anos 1940 (Guenia venceu a categoria de melhor atriz do Tabloid Witch Award, pelo filme Nervo Craniano Zero), Viviane Gazotto e Cleydson Nascimento. Biscaia conta que, sobretudo em Farol, os textos são os mais complexos que ele já escreveu para o teatro.

"O trabalho exige várias nuances, ironias e outros subtextos que o tornam bem difícil. Além disso, eles [atores] precisam, em segundos, mudar de personagem para narrador. Mas ainda bem que tenho um bom elenco. Espero que essa dificuldade seja também gratificante", espera o diretor.

Adaptação

Para Crime no Manicômio, Biscaia transpôs, junto com Raphael Cassou, uma das peças mais encenadas no Grand Guignol – Crime dans une Maison de Fous, e conta a história de Luisa (interpretada pela atriz Rubia Romani), uma jovem que é internada no manicômio de La Castañeda, no México. "Ela passa por circunstâncias extremas, mas até a pessoa mais sã precisa só de um empurrãozinho para enlouquecer", diz o diretor sobre a história. Para formá-la, tanto ele como os atores trouxeram referências de outros espaços psiquiátricos, como os manicômios de Barbacena e o de Ville-Evrard, onde a escultura Camille Claudel (1843-1943) ficou internada.

No entanto, engana-se quem achar que Crime no Manicômio traz apenas um contexto "pesado": a comicidade está presente, uma característica forte do Grand Guignol, comenta Biscaia. "Antes da violência e do terror, há sempre um teor divertido." A temporada do espetáculo, que tem entrada gratuita, segue até 7 de dezembro.

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