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O baterista Roger Taylor, o tecladista Nick Rhodes, o vocalista Simon LeBon e o baixista John Taylor: dispostos a viver o momento | Divulgação
O baterista Roger Taylor, o tecladista Nick Rhodes, o vocalista Simon LeBon e o baixista John Taylor: dispostos a viver o momento| Foto: Divulgação
  • Além de uma leve nostalgia, 13º álbum de estúdio do Duran Duran causa um alívio estranho: o da recompensa depois de décadas investindo em músicas novas

Após o mal-sucedido Red Carpet Massacre (2007), uma tentativa de voltar a dominar as pistas de dança mundiais com a ajuda do produtor Timbaland, tudo o que o Duran Duran desejava era voltar à forma antiga de maneira digna. Final­­mente, o recém-lançado All You Need Is Now faz isso ao revisitar as raízes new wave do veterano grupo de Birmingham. Produzido por Mark Ronson (Amy Winehouse e Lily Allen), o álbum traz arranjos de Owen Pallet (violinista canadense também conhecido pelo nome de seu projeto solo Final Fantasy) e participações especiais de Ana Matronic (Scissor Sisters) e Kelis.

Lançado exclusivamente em versão digital disponível para download pago no site iTunes (a versão em CD chega às lojas no mês que vem), o álbum vem sendo definido como "o melhor disco da banda em mais de duas décadas", segundo o tecladista da formação, Nick Rhodes. Já Ronson, produtor do novo trabalho, o considera "o sucessor imaginário que Rio [segundo disco do grupo, de 1982] nunca teve". Para a felicidade dos fãs de synth-pop e afins, nenhum dos dois está exagerando.

Em mais de 30 anos de carreira, poucas vezes as canções do Duran Duran soaram tão frescas e energéticas. Pela primeira vez em décadas, o quarteto Simon LeBon (vocal), Nick Rhodes (teclados e sintetizadores), John Taylor (baixista) e Roger Taylor (baterista) – mais o guitarrista não oficial da formação, Dom Brown – parece realmente estar se divertindo e vivendo a banda em si, ao invés de se contentar com a sombra do que ela foi no passado.

Isso fica evidente logo na faixa de abertura, "All You Need Is Now". À primeira audição, vêm à mente as melodias dos clássicos oitentistas "The Wild Boys" e "New Moon on Monday", mas cada rompante de nostalgia é compensado por uma dose de charme revigorante, traduzido nas sequências de elementos eletrônicos criados com a maestria de sempre por Rhodes e nos vocais irretocáveis de Simon LeBon.

A escolha acertada de Mark Ronson como produtor transparece na divertida "Blame the Machines", um electro-pop do século 21, de ritmo acelerado e roupagem modernosa – sem dúvida, a faixa de All You Need Is Now que mais repagina a sonoridade "duranesca". Na sequência, "Being Followed" também remete à década da saia balonê, mas não exatamente à obra do Duran Duran e, sim, de outra formação que marcou aquele período: os nova-iorquinos do Blondie. Mesclando new wave e disco, a canção é guiada por riffs de guitarra que remetem a "Atomic", um dos hits da banda liderada pela louraça Debbie Harry. O mesmo apelo vintage marca "The Man Who Stole a Leopard" (com participação especial da cantora norte-americana de R&B Kelis), derivada dos antigos sucessos "The Chauffeur" e "Tel Aviv".

Mais interessantes ainda são as canções em que o Duran Duran soa como Duran Duran sem parecer com nenhum dos grandes sucessos da banda. É o caso da dançante "Safe (In the Heat of the Moment)", guiada por uma linha de baixo poderosa e com os sensuais vocais de Ana Matronic (Scissor Sisters). Encaixam-se na mesma leva a funkeada "Girl Panic!" e a pop "Runaway Runaway", em que se ouve a melhor melodia do álbum.

Além de um resquício nostálgico, All You Need Is Now causa um alívio estranho. Os integrantes do Duran Duran se recusaram a ficar presos na fase áurea do grupo e continuaram a escrever músicas novas tentando captar o verdadeiro espírito da banda. Demorou mais de duas décadas, mas eles conseguiram acertar. O que importa é o agora. GGGG

Serviço:

All You Need Is Now, Duran Duran. !K7. Disponível apenas em versão digital, à venda exclusivamente no site iTunes.

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