
Itália, 1957. Direção de Federico Fellini. Studio Canal/Universal. Preço: R$ 19,90 (no site www.livrariacultura.com.br). drama.(foto 1)Musa de Fellini, a atriz Giulietta Masina. com quem o diretor foi casado até a morte, interpreta Cabíria, uma prostituta que ganha a vida nas ruas de Roma em meados da década de 50. São anos difíceis para a Itália, que se reconstrói depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Ingênua, ela é uma espécie de antítese do que se espera de uma mulher em sua condição. Se exala alguma sensualidade, é quase pueril. A personagem sonha com um amor perfeito e, em suas suas andanças pela noite romana, se envolve com tipos muito diferentes, como um astro de cinema em crise conjugal e um contador, que parece apaixonado por ela. Por que assistir: Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro (1958) e do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes (1957), Noites de Cabíria é um dos clássicos inquestionáveis de Fellini, ao lado de A Doce Vida, Oito e 1/2, A Estada da Vida e Amarcord. É ao mesmo tempo um doce e cruel retrato da Itália nos anos 50. (PC)
Livro 1
Ponto Final (foto 2)
Mikal Gilmore. Tradução de Oscar Pilagallo. Companhia das Letras. 432 págs. R$ 56. ensaio.
O jornalista Gilmore, colaborador de revista Rolling Stone, reuniu neste volume textos escritos ao longo da última década sobre figuras que surgiram e se tornaram importantes nos anos 1960. Assim, ele fala de Bob Dylan, Leonard Cohen, Beatles, Rolling Stones e outros. Um dos pontos altos do volume é a radiografia que faz do Pink Floyd, explicando a importância de Syd Barrett e tentando elucidar os desentendimentos entre os integrantes que levariam ao rompimento com Roger Waters.
Por que ler: Com um estilo seco e sem firulas, Mikal Gilmore constrói textos esclarecedores, abordando verdades, mitos e mentiras sobre artistas de áreas diversas. Seu método fica evidente no longo perfil de George Harrison (1943-2001), publicado em 2002. O autor dedica páginas a contar a história "popular" dos Beatles para, em seguida, rebatê-la. Apesar de Harrison ter a imagem de um homem tranquilo talvez por seu interesse na cultura e na religião orientais , Gilmore mostra que ele era conhecido também pela "rispidez e impaciência". (IBN)
Livro 2
As Palavras de Saramago (foto 3)
Fernando Gómez Aguilera (Org.). Companhia das Letras. 480 págs. R$ 53. Memória.
Esta obra poderia ter como título O Pensamento Vivo de Saramago. Afinal, o que o leitor encontra nas 480 páginas são fragmentos de frases do autor, recortadas de entrevistas que ele concedeu para jornais e revistas de todo o mundo.
O autor português, morto este ano, foi um sujeito que viveu intensamente o seu tempo no mundo. Ele não planejou se tornar um intelectual, e confessa isso, o que pode ser conferido em diversas passagens da obra. Por outro lado, Saramago jamais deixou de, e a palavra é exatamente essa, sentir. A percepção, muito particular, foi o que o levou a se tornar um escritor, além da curiosidade, que faria com que ele viesse a ler e a escrever por grande parte de sua vida.
Por que ler: José Saramago gostava de repetir que o papel do escritor é intranquilizar, os eventuais leitores, de maneira pulverizada, e o mundo, de maneira direta. Ele colocou em prática o que disse. Escreveu livros contundentes, que provocaram reações violentas até. E, acima de tudo, pronunciou-se, continuamente, desmontando lugares-comuns e dando margem a reflexões originais e necessárias a respeito da existência humana, o que não é pouca coisa. (MRS)
CD/DVD
Special Moves/Burning (foto 4)
Mogwai. Rock Action Records. Importado. Preço médio: US$ 20. Post-rock.
Há 14 anos em intensa atividade, o quinteto escocês Mogwai é injustamente apreciado por poucos. Faz parte de uma seleta cena de bandas que se dedicam ao chamado post-rock, rótulo atribuído a formações que investem em canções instrumentais, de andamento lento e dinamicamente construídas a partir de camadas de guitarras, sintetizadores e piano, além de baixo e bateria.
Criadores de faixas épicas, que alternam momentos instrospectivos a explosões sonoras bombásticas, Stuart Braithwaite (guitarra e vocal), John Cummings (guitarra e vocal), Barry Burns (guitarra, piano, sintetizador e vocal), Dominic Aitchison (baixo) e Martin Bulloch (bateria) reproduzem ao vivo com ainda mais intensidade o que se ouve nos seis registros que compõem sua discografia.
Para os que perderam o único show que o grupo fez no Brasil, há oito anos, o Mogwai acaba de lançar Special Moves/Burning, CD/DVD ao vivo, registrado durante uma série de shows feitos pelo grupo no Brooklyn (Nova York), no ano passado.
No CD, estão 11 canções que passeiam por toda a discografia dos escoceses. A começar por "Im Jim Morrison, Im Dead" (do mais recente The Hawk Is Howling, de 2008), passando por "Friend of the Night" (Mr. Beast, de 2006), até "Hunted by a Freak" (Happy Songs for Happy People, de 2003).
O grande destaque fica para a sequência que contrasta "Cody" e "2 Rights Make 1 Wrong" duas das mais tocantes e suaves faixas da banda com as "selvagens" "Mogwai Fear Satan" (do primeiro álbum, Young Team, de 1997) e "Like Herod".
Por que ouvir e ver: Mesmo que nenhum tipo de suporte seja capaz de reproduzir o que é assistir a um show do Mogwai ao vivo, Special Moves/Burning é um importante documento, que funciona como uma retrospectiva para fãs e um excelente ponto de partida para iniciantes no intrigante universo da banda. (JG)
Exposição
Guayasamín (foto 5)
Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999), (41) , (41) 3350-4400. Terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas. Obras do artista Oswaldo Guayasamín. R$4 (adultos), R$2 (estudantes), livre (crianças até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas). Até 26 de setembro. pinturas.
Prorrogada até 26 de setembro, não há desculpas para não se visitar a impressionante retrospectiva de 60 anos do equatoriano Oswaldo Guayasamín (1919-1999), no Museu Oscar Niemeyer. A exposição com 98 telas representativas selecionadas pelo filho do artista, o curador Pablo Davi Guayasamín, é capaz de provocar profundo silêncio em uma multidão de turistas com máquinas fotográficas em punho.
O artista, para quem pintar era "ao mesmo tempo uma forma de oração e um grito", retratou em suas telas de traços fortes, expressionistas, os atos de violência do homem contra seus semelhantes impetrados nas ditaduras da América do Sul e provocados pelas guerras e pela desigualdade social.
Por que visitar: destaque para as telas em que o artista retrata o sofrimento, o medo e o horror ao pintar personagens esquálidos, com grandes olhos e mãos, ossos pontudos e lágrimas que parecem saltar da tela. (AV)







