
Com o início da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que começou ontem no Rio de Janeiro, o tema em pauta no país é o meio ambiente. Parte do ciclo de conferências ambientais que a ONU promoveu pela primeira vez em 1972, o evento reunirá chefes de estado, ONGs e outras entidades para revisitar as recomendações da Eco-92, realizada há 20 anos, também no Rio. Na época, a idealizadora da Subsolo Galeria de Arte Contemporânea, Joice Gumiel Passos, realizou a curadoria, junto com a antropóloga Lucy Manso, de uma exposição que reuniu obras de mais de 200 artistas de 18 países no mezanino da Estação de Metrô do Estácio, na capital fluminense. Aproveitando que as discussões retornaram, a galeria inaugura hoje, às 19 horas, a mostra Eco92/Eco 2012 Rio + 20, que resgata parte desses trabalhos.
A maioria das obras, explica Joice, são painéis que trazem arte postal (ou mail art, que utiliza objetos relacionados ao correio) dos maiores representantes desse tipo de manifestação, como Guy Bleus, da Bélgica; Clemente Padin, do Uruguai; e Ruggero Maggy, italiano que fez uma homenagem ao ativista ambiental Chico Mendes, assassinado em 1988 por conta de sua intensa luta pela preservação da Amazônia. "São projetos que traduziram e ainda traduzem o desejo desses artistas e ambientalistas, por meio de uma arte essencialmente crítica", diz a curadora. A arte postal, de acordo com Joice, teve um papel fundamental na América Latina nas décadas de 1960 e 1970. Com o lema: "não falamos nada, mandamos nossas ideias pelo correio", esse modo de expressão ajudou artistas a se manifestarem em períodos repressores, além de possibilitar um intercâmbio entre profissionais de diferentes lugares.
Equivalentes
Para fazer um paralelo com os temas discutidos em 1992, Joice convidou artistas que não participaram da exposição do Rio na época cujos trabalhos discutem assuntos ambientais, como Alex Cabral, Naná Ribeiro e Hélio Leites, autor da curiosa obra Caixa de Exportação, um aparato que serviria para transportar beija-flores. "Com muito humor, o Hélio consegue criticar situações, que, infelizmente, ainda acontecem muito no país." A curadora acredita que a mostra servirá de alerta para as questões da Eco 92 que não evoluíram e que serão colocadas novamente na roda de discussões. "Muitas atitudes não foram tomadas. Será nossa forma de participarmos, mesmo não estando no Rio."
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