Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Cinema

Em busca da singularidade

Estreia nesta segunda-feira, na Cinemateca de Curitiba, o curta-metragem Amor Fati, do diretor curitibano Marcelo Munhoz

Elenco formado por Greice Barros (de costas), Giovana Soar, Luiz Felipe Leprevost e Leandro Daniel Colombo | Divulgação
Elenco formado por Greice Barros (de costas), Giovana Soar, Luiz Felipe Leprevost e Leandro Daniel Colombo (Foto: Divulgação)
Leandro, que faz o protagonista: tensão e agonia permeiam a narrativa |

1 de 1

Leandro, que faz o protagonista: tensão e agonia permeiam a narrativa

O cineasta e ator Marcelo Munhoz não quis apenas fazer um trabalho de qualidade em seu primeiro curta-metragem finalizado em 35mm. Com Amor Fati, que terá sua primeira exibição hoje, às 21 horas, na Cinemateca de Curitiba, ele preferiu dar um passo à frente e se arriscar. "Quis realizar uma obra singular, que traduzisse o que eu estava sentindo."

Produção do Olho Vivo, centro curitibano de audiovisuais coordenado por Marcelo Munhoz e Luciano Coelho (diretor de fotografia do curta), Amor Fati tem um argumento intrigante. Um homem, vivido por Leandro Daniel Colombo, atravessa uma profunda crise existencial. Não se sabe se ele sofre de uma doença incurável, ou se já não suporta mais a própria vida. Mas o fato é que não vê outra alternativa a não ser a ruptura. Mas o que significaria esse rompimento?

Antes de partir, o personagem convida um casal de amigos muito próximos, vivido por Greice Barros e Luiz Felipe Leprevost, e a suposta namorada, interpretada por Giovana Soar. O clima é tenso porque, embora os tenha chamado a sua casa, percebe-se o desconforto evidente tanto do anfitrião quanto dos convidados, e que o protagonista guarda um segredo, materializado pela exigência de que permaneçam apenas na sala.

Um dos cômodos, trancado, está com o trinco quebrado, e todos estão proibidos de entrar no quarto.

Morte

Com argumento original da cineasta Juliana Sanson, o roteiro final de Amor Fati foi elaborado por ela, em parceria com Marcelo Munhoz e Julien Guimarães Coelho. Munhoz conta que, na versão filmada, muito do que era mais explicado, justificado, ficou mais vago, sugerido, propositalmente hermético, no intuito de abrir o sentidos da história.

Ele diz que "o filme trata do momento em que se reinventar já não é mais suficiente. É preciso romper com tudo para, quem sabe, se reencontrar", mas prefere não ser conclusivo quando indagado se o o curta trata da morte. "É uma primeira morte, mas também uma afirmação da vida. O personagem está imerso numa névoa, cercado de confusão, onde nada se ordena."

Desconforto

A expressão Amor Fati, cuja tradução livre do latim seria "amor ao destino", foi bastante explorada por Nietzsche (1844 - 1900) na obra A Gaia Ciência. Mas Munhoz conta que também sofreu bastante influência do livro Felicidade, de autoria do economista e pensador brasileiro Eduardo Gianetti da Fonseca, no qual o escritor fala sobre um estado de depressão da civilização que o mundo estaria atravessando, um amortecimento das pulsões humanas disseminado, algo que se identifica muito com o estado emocional do protagonista do curta.

Munhoz já atuou como jornalista, ator, diretor e autor teatral. Desde 2003, coordena o Olho Vivo, trabalhando também como diretor, produtor, preparador de atores e professor de atuação para cinema.

Amor Fati foi produzido com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba, tendo como incentivadores a Caixa Econômica Federal e o Positivo.

Serviço:

Amor Fati. Estreia hoje, às 21 horas, na Cinemateca de Curitiba (R. Pres. Carlos Cavalcanti, 1.174, São Francisco), (41) 3321-3359. Entrada franca.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.