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Um especial do Rei é um especial do Rei. Sabemos o que vamos encontrar lá quando ligamos nossa televisão naquela noite de dezembro. Seria como sempre foi também nesta terça-feira (5), quando Roberto Carlos se apresentou para centenas de súditos no Claro Hall para registrar a edição deste ano de seu programa de TV pré-natalino, que vai ao ar no dia 16. Mas havia novidades.

O Rei cantou "Ela só pensa em beijar" com MC Leozinho, duetou pela primeira vez com Marisa Monte, cantou "Negro gato" (uma das banidas de seu repertório há anos), permitiu-se leveza no momento em que fazia a homenagem a Maria Rita e reencontrou Jorge Ben Jor no palco (o carioca chegou a participar do "Jovem Guarda", mas nunca esteve num especial de fim de ano de Roberto). Daqui pra frente tudo vai ser diferente?

Menos. Estavam lá muitas das tradições firmadas ao longo das últimas décadas: o início com "Emoções" e o final com "Jesus Cristo"; o penteado esquisito; o piano branco; o paletó azul sobre a blusa branca; a homenagem a Maria Rita, Roberto e Erasmo cantando "Amigo", desta vez com o reforço de Wanderléa; o famigerado verso "Se o bem e o bem existem"; o canto preciso; os arranjos de Eduardo Lages, com sua elegância chique/popular(esca) de sempre. A noite estava menos para "Se você pensa" e mais para "O portão": "Quase nada se modificou/ Acho que só eu mesmo mudei/ Eu voltei".

Ou seja, nessa sua volta em 2006, como o protagonista da canção, Roberto acusa o passar do tempo em mudanças sutis - algumas até já vinham se insinuando nos últimos anos. E acena, de leve, as mudanças futuras. Ajustes, nunca guinadas. Como João Gilberto, sua referência maior no início da carreira, Roberto Carlos é um artista que usa a repetição como forma de aprimoramento. A comparação entre os dois, aliás, não pára por aí. Ambos falam - cada um da forma a mais diferente possível da do outro - da aspectos profundos dessa invenção verdadeira chamada "alma nacional". Imagens refletidas num espelho torto, um é o Roberto Carlos contido, outro é o João Gilberto derramado.

Reflexos à parte, o baiano teria sido muito mais duro com relação à instabilidade do som, que prejudicou vários momentos do show. Roberto não fez no microfone nenhum comentário sobre as falhas. A apresentação de duas horas começou às 22h53 com o tradicional pot-pourri instrumental. Desta vez, passou por músicas como "Parei na contramão", "Além do horizonte" e "Coisa bonita". O Rei entrou, a orquestra deu uma paradinha e ele atacou "Emoções".

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