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Em novo disco, Otto vive seus “momentos felizes”

No novo trabalho, Otto vai de Odair José a Pink Floyd | Divulgação
No novo trabalho, Otto vai de Odair José a Pink Floyd (Foto: Divulgação)
Serviço:Lançamento.The Moon 1111 Otto. Natura Musical. R$ 29,90. MPB |

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Serviço:Lançamento.The Moon 1111 Otto. Natura Musical. R$ 29,90. MPB

É difícil conversar com Otto. "Ele perdeu o celular", avisa a assessoria do músico. Quando finalmente a entrevista desencanta, há um turbilhão desenfreado de ideias que exigem atenção dobrada de quem ouve, mas que fazem sentido, principalmente se pararmos para ouvir seu mais novo disco, The Moon 1111. "É essa coisa da lua, do espaço, dos smurfs. É o [guitarrista] Catatau que pega o Fela Kuti e traz pra cá. Mas é um desencontro ao mesmo tempo."

Em 2009, o ex-percussionista da formação original da Nação Zumbi saiu de uma espécie de ostracismo involuntário com o sensacional disco Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos. O álbum-resposta surgiu depois de um pé na bunda que o pernambucano tomou da atriz Alessandra Negrini. Mas, se no disco anterior sobra melancolia e entrega, em The Moon 1111, seu sexto álbum, há mais sol e suingue.

"Acho que o barato desse disco foi a evolução. O outro álbum demorou cinco anos pra surgir, esse demorou dois. O outro foi mais doloroso por causa do tempo de espera e pelo momento de depressão da música brasileira."

Segundo Otto, The Moon 1111 – projeto da Natura Musical – teve influência do personagem Guy Montag, do filme Farenheit 451 (1966), de François Truffaut, por sua vez inspirado no livro homônimo de Ray Bradbury. O trabalho de Guy é queimar livros em bibliotecas. "A metáfora para isso hoje é a televisão, as imagens, a internet como rede de informação. A metáfora é o futuro que vivemos. Existe a tragédia ali na frente e a gente fica aqui, sem enxergar nada", conta, feito metralhadora.

Já as influências musicais vão na cola de The Dark Side of The Moon, disco mais conhecido do Pink Floyd. Toda a psicodelia do álbum está na guitarra de Fernando Catatau. Otto também cita o nigeriano Fela Kuti – precursor do afrobeat – como referência. "É uma banda catatau-pink-floydiana com Fela Kuti", resume.

Brega

O novo disco tem 10 faixas e foi produzido por Pupilo – baterista da Nação Zumbi. Entre as músicas, há uma releitura de "A Noite Mais Linda do Mundo (Felicidade)", música conhecida na voz de Odair José. É o brega que entra no caldeirão de Otto.

"A letra é uma conversa jovial e contemporânea sobre os amores de hoje em dia. Há tanto brega na música brasileira que a gente nem percebe às vezes. Já tinha no Mutantes [a primeira faixa, "Dia Claro", é em homenagem ao grupo], tem no Vanguart e em Tim Maia. Odair é o mestre ", justifica. "E Pink Floyd é o mais brega de todos, você já viu aquelas letras?"

No disco, ainda há pitadas do eletropop dos anos 80, já que ele mesmo diz que recentemente redescobriu bandas como The Smiths e A-ha. Então, não é errado dizer que com o novo disco – talvez com o anterior até – Otto tenha se tornado mais pop.

"Acho que tenho carisma suficiente para isso. É só você ver os refrões das minhas músicas, a forma como eu canto. Mas é um pop cool. É difícil chegar a isso e eu sei que eu tenho o meu preço", discorre o músico, feliz com seu momento. "Me sinto usado pelo meu país. Me sinto mais relevante. E isso me faz uma pessoa melhor".

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