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Dramaturgia

Encontro de almas

Nena Inoue e Roberto Alvim encenam Haikai durante o Festival de Teatro. Peça eleva a “dramática do transumano” à máxima potência

Nena e Alvim: trabalho conjunto para discutir o futuro do homem | Divulgação
Nena e Alvim: trabalho conjunto para discutir o futuro do homem (Foto: Divulgação)

A mostra oficial do Festival de Curitiba terá um exemplar do que está sendo considerado um dos teatros mais inventivos do Brasil no momento. As "dramáticas do transumano" de Roberto Alvim buscam redescobrir a humanidade, indicar caminhos para o que o homem pode ser no futuro por meio da criação cênica. Isso estará em Haikai, peça escrita e dirigida por ele a convite da atriz Nena Inoue, diretora do Espaço Cênico.

Apesar de o título ter sugerido a muitos que se tratasse de uma alusão a Paulo Leminski – e da profusão de trabalhos atuais em homenagem ao poeta – não há relação. Em cena estarão Nena, Paulo Alves e Martina Gallarza.

O nome Haikai se refere à estrutura ternária. "As três partes aparentemente não têm ligação, poderiam ser independentes, mas juntas compõem uma paisagem humana de sensações", explicou o diretor à Gazeta do Povo.

Na primeira, uma série de crimes é sugerida, sem que as vítimas estejam presentes. O espectador apenas apreende o que é dito sobre elas.

Em seguida, surgem fantasias infantis negativas, como pesadelos povoados por monstros. Novamente, é algo que existe apenas no universo das palavras: fica no ar a ausência dos personagens de que se fala.

O conjunto das duas primeiras partes exige uma síntese – ao estilo dos poemas haicais. E esta etapa final promete ser atemorizante. Semelhante a um ritual, nela os atores invocam a ausência das partes anteriores, chamando à existência pela palavra algo que pode ser entendido como um espírito.

"Nosso trabalho tem a ver com a fala, a presentificação do invisível", diz Alvim. "Mas nunca elevamos essa ideia a um patamar tão sério como em Haikai."

"Alvim quebra leis sagradas do teatro, como a verdade e a existência de personagens", explica Nena.

Fringe

O resultado cênico da teoria do transumano também poderá ser verificado durante o festival no paralelo Fringe, que terá seis mostras com curadoria. Em Novos Repertórios, que ficará em cartaz no Teatro HSBC, será apresentada a peça Melhor Ir Mais Cedo Pular da Janela, de Léo Moita e com Val Salles. O texto foi escrito dentro do Núcleo de Dramaturgia do Sesi, coordenado por Alvim em Curitiba, e estreou na mostra que o núcleo realizou em dezembro passado.

Haikai

Espaço Cênico (R. Paulo Graeser Sobrinho, 305 – São Francisco), (41) 3338-0450. Dias 30 e 31 de março, às 21 horas. R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada, inclusive para assinantes Gazeta do Povo). Vendas pelo site www.festivaldecuritiba.com.br e nos shoppings Mueller, Barigui e Palladium.

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