
A temporada 2013 do projeto Um Escritor na Biblioteca abre hoje, às 19 horas, com um encontro com o escritor Ignácio de Loyola Brandão na Biblioteca Pública do Paraná (BPP). O projeto receberá mais sete autores para conversas literárias até o final do ano.
Para o diretor da BPP, Rogério Pereira, estes encontros servem para despertar no público o interesse pela leitura e pela obra do escritor, além de fortalecer o vínculo das pessoas com a biblioteca. "O formato não é novo, mas o que vale é a escolha de um bom escritor, entre novos talentos e autores consagrados, um bom mediador e um local agradável", explica.
Vida de viajante
O convidado desta edição, Ignácio de Loyola Brandão, é um dos mais produtivos escritores brasileiros, com mais de 40 livros (entre romances, contos, biografias e obras infantojuvenis) publicados em vários países. O autor venceu o prêmio Jabuti duas vezes.
Uma faceta marcante de sua obra são os livros de relatos de viagens, como O Verde Violentou o Muro (Ed. Global, 1984), que teve oito edições apenas em seu ano de publicação, e seu livro mais recente, Acordei em Woodstock (Ed. Global, 2011).
Em entrevista à Gazeta do Povo, Ignácio conta que não perdeu o gosto de viajar pelo Brasil, por exigência daquilo que hoje considera parte do ofício do escritor.
"O novo escritor brasileiro é um itinerante. O trabalho não acaba mais escrevendo em casa o último ponto. É preciso apresentar o trabalho aos leitores, a professores, participar de debates...", enumera Ignácio. Ele já contabiliza passagens por 546 cidades diferentes para falar de literatura. "No ano passado, estive em uma feira literária no Amapá e, assim, já visitei todos os estados da federação", conta.
Esta experiência de escritor-viajante vai virar o livro O Mel de Ocara, programado para o segundo semestre deste ano. O título traz o nome de uma pequena cidade no sertão do Ceará, em cujo solo Ignácio acredita ter sido o primeiro autor a pisar para falar sobre literatura ao povo. "No final da conversa, uma senhora analfabeta veio falar comigo sobre a arte de fazer livros. No final, ela me presenteou com um litro de mel que produziu no seu quintal. O melhor cachê que já recebi", revela.
Seus relatos de andanças incluem passagens por Curitiba e pelo estado. "Há um um encontro meu com o Dalton Trevisan, em que tomamos coalhada na Confeitaria Schaffer, e minhas andanças pelo interior pesquisando para a biografia de Avelino Vieira [o banqueiro fundador do extinto Bamerindus]. Há também a lembrança de um dia feliz, quando a primeira peça que escrevi, A Última Viagem de Borges, abriu o Festival de Teatro de Curitiba em 2005", lembra.



