
Um dos grandes nomes da literatura brasileira, Erico Verissimo (1905-1975) está ainda mais próximo dos leitores desde a última segunda-feira. Uma cerimônia para convidados marcou a inauguração do memorial dedicado à vida e à obra do escritor, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (CCCEV), no centro de Porto Alegre. Ontem, o espaço foi aberto à visitação do público.
Dois dos seis andares do prédio, que data do início da década de 1920 e é conhecido como Força e Luz, receberam o acervo de mais de 3 mil itens, entre 34 volumes originais, manuscritos, mapas, correspondências, desenhos, fotos, vídeos, filmes e fortuna crítica. No terceiro andar, o visitante acompanha uma linha do tempo afixada na parede lateral, caracterizada por fatos marcantes da vida do escritor, e sete ambientações que remetem a obras do acervo, por meio de uma linguagem lúdica e com recursos multimídia. No sexto andar, expositores destacam originais, em uma mostra que será renovada periodicamente. Em espaço destinado à leitura, estarão disponíveis livros do "contador de histórias", como o próprio Erico se autodenominava. Todos esses documentos foram digitalizados e também estarão à disposição para consulta em dois terminais, no próprio local, ou no site da instituição.
Acervo
O Memorial Erico Verissimo reúne os acervos de dois amigos do escritor: o jornalista e bibliófilo Mário de Almeida Lima, morto em 2003, e o doutor em Letras Flávio Loureiro Chaves, que organizou a obra póstuma, o segundo volume das memórias O Solo de Clarineta.
"Desde 1999, o pai queria tornar o acervo público, mas sempre com a preocupação de que fosse para um local que tivesse condições de expor e de conservar os documentos", observa o editor Paulo Lima, um dos filhos de Mário.
Além de destacar a importância do memorial, por trazer extensa documentação que comprova ser Erico um grande escritor e por manter o acervo no Rio Grande do Sul, Flávio Loureiro Chaves salienta o fato de tornar públicos esses documentos.
"O fundamental do projeto não está somente em preservar este acervo, mas de colocá-lo à disposição das pessoas, e não somente do público acadêmico, mas do público leitor. É fundamental, porque a literatura não é um fetiche para ser enclausurado."
O acervo que passa a ser compartilhado contempla desde a primeira obra de Erico, com os originais da segunda edição de Fantoches, até seu último livro, com os originais do segundo volume de Solo de Clarineta, obra póstuma.
"A ideia é manter a memória viva. E este é o grande serviço que o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo presta à sociedade, de guardar, conservar e colocar à disposição", diz a coordenadora do memorial, a professora do Instituto de Letras da UFRGS Márcia Ivana de Lima e Silva.
Com a inauguração do memorial, levanta-se a possibilidade de os originais e os documentos sob responsabilidade da família de Erico e que hoje se encontram no Instituto Moreira Salles (IMS), no Rio de Janeiro, retornarem ao Rio Grande do Sul no futuro. Em entrevista por e-mail, de Nova York, Luis Fernando Verissimo não descartou a chance de que, no fim do contrato com o IMS, o material sobre o pai possa finalmente vir do Rio para o CCCEV.



