
Lud (Renata Gaspar), de 22 anos, está saindo de casa. Acaba de deixar os pais boquiabertos com a notícia de que alugou um apartamento, onde vai morar com um amigo da balada. Neste exato momento, o modelo Felipe (Marcelo Lourençon), 20, leva um fora da namorada com quem vive há seis meses. Precisa encontrar outro lugar para morar, no meio da noite. Enquanto isso, Teco (Thiago Pinheiro), 23, aterrisa no aeroporto de Cumbica. Após terminar a faculdade, decidiu passar uma temporada estudando inglês em Londres, mas é deportado pela imigração britânica, que encontra, no bolso interno de sua jaqueta, a "ponta" de um cigarro de maconha. Não pode voltar para a casa dos pais, no interior paulista, e também precisa de um teto.
Eles não são amigos, nem se conhecem. Mas uma série de eventos fortuitos e esbarrões urbanos vai unir os destinos dos três, que acabarão dividindo o mesmo teto: um apartamento no centro de São Paulo, mobiliado com um pufe e um colchão.
É essa a premissa básica de Descolados, primeira série de ficção produzida pela MTV Brasil, que estreia hoje, às 23h30. Composta por 13 episódios de 30 minutos, gravados em alta definição, a série, feita em parceria com a produtora Mixer, conta com recursos da Lei de Incentivo e é o primeiro projeto da emissora na área de dramaturgia. "Sempre tivemos vontade de fazer dramaturgia. Ao longo dos anos, viemos namorando a ideia e chegamos a fazer algumas coisas na área, como o Casal Neura, estrelado pelos VJs Cazé e Marina Person. Passamos dois anos em busca de algo que combinasse com a nossa grade, ao mesmo tempo que estudávamos as possibilidades de montarmos uma equipe especializada", conta Cris Lobo, diretora de programação e produção da MTV Brasil.
O "namoro" foi concretizado após um encontro de Cris Lobo com Gil Ribeiro, um dos sócios da Mixer. Uma das maiores produtoras do país e a única a contar com duas indicações ao Emmy em seu currículo (pelo seriado Mothern, do canal a cabo GNT), a Mixer criou o projeto de Descolados, apresentado à MTV em julho do ano passado. "Ele apareceu com o projeto já bem maduro. Trouxe um DVD com imagens que sugeriam como seria a fotografia e também testes de atores que poderiam ser os protagonistas. Achei que tinha muito a ver com gente", conta a diretora.
Coube à emissora musical brasileira cuidar de alguns detalhes de pré-produção, como a aprovação dos três atores principais, o design gráfico dos episódios e a trilha sonora, composta por bandas brasileiras pouco conhecidas como a pernambucana Eddie, a baiana Cascadura e a paulistana Telepathique. "A trilha tinha que ter a nossa cara", explica Cris, que não descarta o futuro lançamento das canções em uma compilação especial.
Ao contrário do que se entende à primeira lida, o título da série, Descolados, pouco tem a ver com a gíria utilizada para designar pessoas espertas, capazes de encontrar soluções em situações adversas. A palavra aqui deve ser entendida em seu significado literal, ou seja, refere-se a pessoas que "perderam a cola", que estão perdidas, retiradas de seu contexto original. "A série não trabalha com estereótipos e o público da MTV, a partir dos teasers, está vendo que é algo mais próximo da realidade e já está gostando", revela.



