
Os fãs do escritor britânico Arthur Conan Doyle (1859-1930) e de sua maior criação, o detetive Sherlock Holmes, ficaram apreensivos quando foi anunciado que os herdeiros de Conan Doyle iriam permitir pela primeira vez que um escritor fizesse um novo romance estrelado pelo famoso investigador.
O escolhido foi o autor inglês Anthony Horowitz, 57 anos, famoso por sua série juvenil protagonizada por Alex Rider, um espião adolescente.
O resultado não poderia ter sido melhor: para surpresa de muitos, Horowitz fez um livro A Casa da Seda que não só agradou aos fãs de Holmes, como periga torná-lo um personagem popular com leitores mais jovens.
A Casa da Seda traz o detetive e o Doutor Watson às voltas com um mistério envolvendo um colecionador de arte. Divertido e escrito num estilo bem parecido com o de Conan Doyle, o livro faz alusões a personagens e situações de outras histórias do investigador inglês.
Escolhido
Horowitz, um fanático pelos livros de Conan Doyle desde que ganhou a coleção completa das histórias de Sherlock Holmes, aos 17 anos, diz que nunca poderia esperar ter sido escolhido.
"Eles [os responsáveis pelo espólio de Conan Doyle] me procuraram do nada, eu não imaginava que eles tinham a ideia de publicar um novo livro com o personagem", revelou o escritor.
Horowitz conta que só fez uma exigência: não sofrer nenhum tipo de interferência durante seu processo criativo. "Só exigi que me deixassem em paz para criar a história. Queria fazer uma trama nova e original, que não parecesse um mero pastiche ou uma homenagem."
Questionado sobre a dificuldade de emular o estilo de um escritor tão conhecido quanto Conan Doyle, Horowitz diz: "Desde muito jovem, fui inspirado pela genialidade de Conan Doyle e por seu estilo, que conheço bem".
"O que Doyle criou é um presente para qualquer escritor, um mundo brilhantemente imaginado, com personagens inesquecíveis e uma atmosfera única", resume.
As suspeitas iniciais dos fãs de Sherlock Holmes, no entanto, não parecem ter preocupado o autor. "Eu botei na cabeça que não iria receber nenhuma carta de fãs revoltados com o livro."
E foi o que aconteceu: "Até os fãs mais radicais parecem ter gostado. Eles reconheceram as menções a outras histórias de Holmes e sentiram que o livro foi escrito por alguém que realmente conhece e respeita a tradição da obra de Conan Doyle".
E revela que gostou tanto da experiência que pensa em fazer um livro com outro personagem que admira, o espião James Bond. "Se me convidarem, eu faço."



