
O Teatro Guaíra se encaminha para o último trimestre do ano com boas notícias. Sem uma reforma ampla desde a sua inauguração, em 1954, o Guaíra, um dos exemplares da arquitetura modernista, projetado por Rubens Meister, finalmente receberá reparos. O ano de 2014 também terá mais verba para a programação cultural dos corpos estáveis: a Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP), Balé Guaíra e G2. No entanto, há alguns impasses que ainda precisam de solução, como os cargos comissionados e uma "casa" para a OSP.
Na última quarta-feira, as licitações para parte da reforma dos auditórios Bento Munhoz da Rocha Netto (Guairão) e Salvador de Ferrante (Guairinha) foram abertas pelo governo do estado: a restauração das poltronas e troca do carpete dos espaços. O reparo seguirá todas as orientações do patrimônio histórico (o teatro é tombado). O valor máximo das licitações é de pouco mais de R$ 3 milhões para as cadeiras (são 2.167 no Guairão e 496 no Guairinha), e de R$ 806 mil para o carpete dos dois auditórios.
No começo de 2014, segundo a diretora-presidente do Teatro Guaíra, Monica Rischbieter, serão lançados editais de licitação para as arrumar banheiros e portarias. A Secretaria de Estado da Cultura (Seec) afirmou, ainda, que estão previstas as seguintes melhorias: impermeabilização do teatro, isolamento acústico, modernização da cenotecnia, iluminação cênica, imagem e a sonorização, recuperação dos sistemas hidráulico e elétrico, dos geradores de energia e reparos no mobiliário.
O Guaíra optou por realizar as primeiras reformas em etapas. As cadeiras, por exemplo, serão restauradas de 200 em 200 assentos, e a empresa escolhida colocará poltronas semelhantes provisoriamente. Com isso, nem agenda ou público serão prejudicados, pois o espaço não será fechado. No caso do carpete, conta Monica, a empresa escolhida deve aproveitar ao máximo o período em que o local fecha para férias coletivas (do fim de dezembro até o começo de janeiro).
Para 2014, o Teatro Guaíra também contará com mais dinheiro para realizar a sua programação cultural própria: serão R$ 3,5 milhões. Significa um aporte de R$ 2 milhões a mais do que a verba atingida em 2013, de R$ 1,5 milhão. Nada mais justo: grande parte da produção cultural paranaense, e brasileira, depende do espaço. Além da realização de espetáculos memoráveis de seu balé e orquestra, o teatro também é responsável pela preparação de gerações de bailarinos, atores e músicos.
O dinheiro a mais vai possibilitar, de acordo com Monica, a retomada de projetos importantes, como o Teatro de Comédia do Paraná (TCP), e a montagem de uma ópera. "Com dinheiro, os corpos estáveis poderão circular mais pelo interior", salienta a diretora-presidente. Outra ação prevista são concertos da Orquestra Sinfônica em diferentes espaços da cidade, como no Museu Oscar Niemeyer (MON).
Pendências
Em julho, a Seec anunciou que a Orquestra Sinfônica do Paraná teria um espaço próprio: o prédio do Centro de Convenções de Curitiba, na rua Barão do Rio Branco, em frente ao antigo Museu da Imagem e do Som (MIS). Na época, foi informado que o edifício seria fechado em julho de 2014 para adaptações. O secretário da Cultura, Paulino Viapiana, informou que ocorreu uma alteração de calendário para dezembro de 2014. "Resolvemos postergar por causa da Copa do Mundo."
Sobre o uso do imóvel pela OSP ou não, a situação é incerta. O presidente da Associação dos Músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná (Amosp), Zeca Neto, disse que a orquestra foi informada de que o prédio não será mais destinado para este fim. "É um auditório muito bonito, amplo. Mas ele foi planejado como um cinema, e tem uma acústica seca. Dá para fazer uma boa adaptação, mas o custo seria tão alto como o de se construir um novo teatro. E isso seria mais pertinente, que é o que sinfônicas como a do Rio Grande do Sul e Minas Gerais estão fazendo", ressalta.
Por enquanto, a OSP continua no Teatro Guaíra. "Temos uma sede própria, que é o teatro. Estamos alocados lá desde o começo da nossa história, em 1985. É um local que tem alguns problemas, que precisa de reformas, mas é extraordinário."
Paulino afirmou que a questão da mudança, de fato, está "em aberto", e que ainda será decidido se as adequações para a orquestra serão ou não realizadas. De qualquer forma, o secretário garante que o equipamento vai integrar a estrutura da Seec. "Se não for para a OSP, será alguma coisa boa para a cultura."






