
A premiação do Troféu Gralha Azul transcorreu sem grandes surpresas na noite de terça-feira, a não ser pelo principal prêmio ter sido entregue, pela primeira vez, a uma companhia de fora de Curitiba. O Núcleo Ás de Paus, de Londrina, estreou seu primeiro trabalho, A Pereira da Tia Miséria, em 2010, e com ele arrematou o troféu de melhor espetáculo deste ano.
Quem fez a adaptação do texto, originalmente um conto da tradição oral espanhola, foi o ator e diretor Luan Valero neste grupo de criação coletiva, todos os integrantes são atores e diretores. "Desde a construção do texto, a peça era um pouco experimental. Não sabíamos direito aonde iria dar, e não visávamos a premiação", contou à Gazeta do Povo.
O grupo, que se apresentou nas ruas de Curitiba durante o Fringe deste ano, também ganhou o prêmio de melhor ator (Guilherme Kirchheim). Ele interpreta a Tia Miséria, uma mulher que defende com unhas e dentes a pereira que tem no quintal e que um dia se vê obrigada a negociar com a morte. Os figurinos, a cargo de Alex Lima, incluem pernas de pau, recurso que é pesquisado pelo grupo desde sua formação.
Um dos espetáculos favoritos e um dos cinco indicados ao prêmio principal, Antes do Fim, da Companhia do Damaceno, levou quatro Gralhas. A consagração nas categorias de direção e cenário, ambas de Marcos Damaceno, foi vista pelo artista como essencial para continuar divulgando seu xodó a renovação da dramaturgia paranaense. "O prêmio faz algo maior, que é instaurar um momentum para a reconfiguração do teatro paranaense, buscando suprir a carência por uma cena rica em autores." Apesar de o texto original, de Marcelo Bourscheid, não ter sido indicado, o diretor lembra que todo o espetáculo depende do pontapé inicial do roteiro nesse caso, escrito no Núcleo de Dramaturgia do Sesi, que Damaceno coordena. As atuações de Eliane Campelli e Samir Halab também foram premiadas nas categorias de ator/atriz coadjuvante.
Peça líder em indicações, Avenida Independência 161 Trilha Sonora para Coisas Irreversíveis ganhou nos quesitos texto original (para Paulo Biscaia Filho), atriz (Kassandra Speltri) e iluminação (Wagner Correa) essa última categoria premiou também o veterano Beto Bruel por Ilíada Canto 1.
Infantil
A categoria espetáculo para crianças premiou Clarice Matou os Peixes, da Cia. do Abração. Já o troféu de direção de peças infantis foi para Marcello Santos, responsável por Buanga, a Noiva da Chuva, um espetáculo de teatro de sombras também escolhido pela sonoplastia (que ficou sob os cuidados de Celso Piratta).



