O adjetivo "edipiano" é aplicado com frequência a montagens teatrais, filmes e até relacionamentos da vida real que envolvem relações incestuosas. Porém, a capacidade do texto de Sófocles, escrito por volta de 420 a.C., de expressar tão bem uma realidade complexa nem sempre leva as pessoas a ler o texto integral de Édipo Rei.
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O desconhecimento da peça é um dos motivos que levou o diretor Elias Andreato a realizar mais uma montagem do texto a primeira que ele fez foi em 1983, em São Paulo."Agora eu envelheci e tive vontade de revisitar essa tragédia, porque não é tão comum um ator ter experiência com ela", disse à Gazeta do Povo.
O elenco, que vem ensaiando a obra transposta para os dias atuais nos últimos seis meses e estreia hoje no Teatro Paiol, com ingressos esgotados, é formado por Claudio Fontana, Tânia Bondezan, Romis Ferreira, Fábio Herford, Nilton Bicudo, Clóvys Torres e o próprio Elias, que faz o papel do velho Tirésias.
"(Édipo) é um exercício maravilhoso para atores de todo o mundo", considera o diretor.
O investigador
Talvez o texto mais citado entre as tragédias gregas ainda que pouco lido , Édipo (confira o serviço completo) reúne elementos emblemáticos desse gênero do teatro. Na apresentação do problema (a cidade de Tebas, governada por Édipo, sofre com a peste, e o oráculo revela que a culpa é do assassino do rei anterior, Laio), Édipo impõe duras penas ao matador e ordena que se entregue. Ele nem cogita ser ele próprio o homem em questão. Pior: fugira de sua cidade ao receber a revelação de que estava destinado a matar o pai e casar-se com a mãe, só para cumprir tudo ipsis litteris. Ele não sabia que a mesma profecia fora entregue a seus verdadeiros progenitores Laio e Jocasta e que ele fora deixado para morrer num monte. Um pastor se apiedara e o levara para ser criado pelo rei de Corinto.
Ignorante de tudo, mas obstinado, Édipo inicia uma investigação que deixa Tebas em sobressalto. A verdade paira sobre o protagonista, fazendo seu caminho até a compreensão parecer ainda mais lento.
A reviravolta vem quando ele percebe que um homem que matara pela estrada era na verdade Laio. O pastor que o salvara é chamado e revela tudo: Édipo não é filho de quem pensa e está casado, com filhos, com a própria mãe.
"A peça possibilita muitas leituras", lembra Elias, que cita o estudo do mito nos campos da Psicologia onde rendeu o conhecido termo "complexo de Édipo" e do Direito o protagonista se inflige as duras penas que prometera ao assassino de Laio.
Paranaense
Natural de Rolândia, no Paraná, Elias já dirigiu Paulo Autran em Visitando o Sr. Green (2000), entre inúmeras outras experiências com textos e atores consagrados, transitando entre o drama e a comédia. Seu solo Doido, em 2009, foi bastante recomendado pela exposição da alma de um artista.
Serviço:
Édipo (confira o serviço completo). Teatro Paiol (Lgo. Guido Viaro, s/n.º), (41) 3213-1340. Estreia nacional. Direção de Elias Andreato. Hoje e amanhã, às 21 horas. Ingressos esgotados.
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