
Programas de viagem abundam na tevê paga. O que No Caminho traz de diferente é uma apresentadora brasileira tão à vontade que faz amizade com gente do Porto ao Butão, entra onde quiser e até fala umas bobagens sem que isso pegue mal.
Na primeira temporada, em 2009, Susanna Queiroz revelou curiosidades culturais da Índia país que está na origem da criação do programa, que ela propôs pelo desejo de retornar à terra de Gandhi e aprofundar seus conhecimentos sobre o budismo.
A segunda viagem abriu as portas para três países quase desconhecidos da maioria do público brasileiro: Butão, Vietnã e Bangladesh, entre os quais Susanna passou 60 dias.
Num vilarejo vietnamita, ela se confrontou com uma jiboia que insistiu em dormir sobre sua cama um estrado de madeira. Como uma menina, Susanna se lamentou de medo, com a câmera ligada, e chegou a se agachar ao lado da dona da casa para depois criar coragem de tocar a cauda do réptil. Já refeita, foi batizada numa cerimônia budista.
Momentos como esses fazem a graça do programa, pela exposição tranquila da apresentadora ela cai numa pedra escorregadia e permite que isso vá ao ar , a simpatia com que age e a liberdade que conquista por onde passa. O resultado é uma atração espontânea que nos transporta ao centro de culturas muito diferentes, para dentro de casas, lojinhas de chá e templos. Chega a servir como uma aula de "etiqueta brasileira" no estrangeiro.
De galos a vinhos
Agora, na temporada que estreou em julho, Susanna apresenta um novo destino inspirado na religião: o Caminho de Santiago de Compostela, começando pela cidade portuguesa do Porto e terminando em Finisterre, na Espanha. A escolha de rota se revelou uma oportunidade de conhecer também peculiaridades da terra de Camões, como o significado do Galo de Barcelos, símbolo do país intimamente ligado à rota de Santiago: um peregrino condenado à forca teria sido salvo por um galo assado que cantou, conforme conta em um dos episódios um legítimo português.
Susanna e a equipe viajaram por 20 dias pelo caminho sagrado, ao longo dos quais a produção deixou bastante espaço para os imprevistos pelo menos é o que parece: logo no início, quando ainda caminham pela estrada asfaltada, uma caminhonete para e o condutor convida o grupo para conhecer seu vinhedo. Lá vão eles, que aproveitam para relatar segredos do vinho do porto.
Após muitos desvios de percurso como esse, Susanna queima suas roupas no final da viagem, tradição que os peregrinos vitoriosos mantêm como símbolo de desapego do que passou.
A terceira temporada também inclui uma viagem à Indonésia, começando pela capital Jacarta, onde Susanna investiga o hinduísmo. Em seguida a equipe atravessa a ilha de Java, a maior do país.
Na cidade de Pakutatan, o grupo se integrou tanto às celebrações locais que Susanna ganhou de presente um dos muitos que ela coleciona uma estátua da cabeça de Buda de mais de 20 quilos.
A bagagem fica mais pesada, mas o programa continua leve como uma refeição de monge budista.
Serviço
No Caminho. Multishow. Terceira temporada. Episódio 4. Hoje às 13h; quarta-feira, às 15h30 e quinta, às 9h.



