
Fanny e Alexander foi lançado em 1982 e pensado para ser uma espécie de despedida precoce do mestre sueco Ingmar Bergman, então com 64 anos. De fato, apesar de ter morrido apenas em 2008, ele não voltaria a dirigir longasmetragens para o cinema apenas peças teatrais e filmes para a televisão o filme é, ao mesmo tempo, uma síntese de sua obra monumental e um mergulho na subjetividade do artista.
Passados 30 anos desde que Fanny e Alexander surgiu, o público brasileiro agora será presenteado com uma edição especial dupla em DVD e Blu-ray da Versátil, à altura da obra-prima que é. No pacote, além do filme, cuja versão original tem 188 minutos, está incluída a versão estendida, com mais de cinco horas, exibida pela televisão sueca em capítulos, no formato de minissérie. Outro extra imperdível é o documentário Diário de uma Filmagem, que retrata em detalhes os bastidores da produção.
Vencedor de quatro Oscars em 1983 melhor filme estrangeiro, fotografia, direção de arte e figurino , Fanny e Alexander tem a peculiaridade de ser uma superprodução requintada, suntuosa, mas também uma obra intimista, muito pessoal. O menino Alexander (Bertil Guve) é um alter ego de Bergman: descendente de uma família de artistas de teatro, alegre, barulhenta e muito expressiva, ele vê sua vida se transformar, de uma hora para outra, com a morte do pai.
Desolada e perdida com a perda, a mãe do garoto e de sua irmã mais nova, a doce Fanny, se casa um tanto às pressas com um rígido e opressivo pastor luterano, que acaba servindo às crianças como algoz. Um contraponto em forma de padrasto ao ambiente idílico, criativo e livre em que eles viviam antes.
Auobiográfico em certa medida já que As Melhores Intenções (1991), escrito por Bergman e dirigido por Bille August conta a verdadeira história de seus pais , Fanny e Alexander é um espetáculo magnífico, em vários sentidos. Um dos melhores filmes já feitos, que discute a superioridade da arte frente à religião, a perda da inocência, uma vez que a história é narrada da perspectiva do pequeno Alexander, e o próprio nascimento do cinema como refúgio para quem sonha. GGGGG



