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Cinema

Fascinante apenas na literatura

Chega aos cinemas a adaptação do best seller da norte-americana Kate DiCamillo, protagonizado por um destemido camundongo que tem paixão por livros

Voz do protagonista é feita pelo ator Matthew Broderick na versão legendada do filme | Divulgação
Voz do protagonista é feita pelo ator Matthew Broderick na versão legendada do filme (Foto: Divulgação)

O Corajoso Ratinho Despereaux, longa-metragem de animação que estreia hoje nos cinemas, é uma desastrosa tentativa de adaptação para a tela grande de um sucesso recente da literatura infanto-juvenil norte-americana.

O roteirista Gary Ross, que tem no currículo produções como Quero Ser Grande – deliciosa comédia estrelada por Tom Hanks, de 1988 – , optou pelo entretenimento simples e acabou perdendo a essência da obra da escritora Kate DiCamillo (A História de Despereaux).

Best seller nos EUA e ganhador de um dos mais importantes prêmios de literatura do país (o Newbery Medal), o livro, publicado em 2003, se destaca pela sua capacidade de provocar o jovem leitor a encarar a vida de uma forma madura, dolorosa às vezes, mas nem por isso menos esperançosa.

Os personagens descritos por Kate carregam dentro de si um turbilhão de emoções. São fracos, tornam-se fortes, cruéis, amargos, eufóricos, tristes e até mesmo esperançosos.

Repleta de metáforas e da própria interferência da autora – que volta e meia fala diretamente ao leitor, trazendo desafios e reflexões –, a obra funciona como vários livros dentro de um só.

Kate costura caminhos diferentes que se cruzam dentro de uma mesma narrativa. O seu texto é ágil e riquíssimo em detalhes nas entrelinhas.

O filme, por sua vez, é rasteiro demais. Optou-se pelo tom fantasioso, exagerado, que desrespeitou completamente o perfil original de cada um dos personagens. Por conta disso, a fita torna-se boba demais e o protagonista – o camundongo Despereaux – parece mais um bichinho fofinho do que o herói sonhador tão bem descrito pela escritora. Pode até agradar as crianças, mas não a ponto de fazê-las embarcar na história. Uma pena. G

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