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Oficina de Música

Fase erudita termina em alto nível

Recitais de música de câmara, concertos com formações mistas e apresentação final da Oficina de Música Antiga ficaram à altura do que se faz de melhor em festivais internacionais

Palco do Guairão abrigou um coro de 160 vozes e uma orquestra de quase 100 músicos sob aregência do maestro Osvaldo Ferreira no concerto final da Oficina de Música Antiga | Daniel Isolani/Gazeta do Povo
Palco do Guairão abrigou um coro de 160 vozes e uma orquestra de quase 100 músicos sob aregência do maestro Osvaldo Ferreira no concerto final da Oficina de Música Antiga (Foto: Daniel Isolani/Gazeta do Povo)
Maria Luiza Kaluzny se apresentou com o contador de histórias Carlos Daitschman no Centro de Atenção Psicosocial |

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Maria Luiza Kaluzny se apresentou com o contador de histórias Carlos Daitschman no Centro de Atenção Psicosocial

A abertura da 32.ª Oficina de Música aconteceu no dia 5, com uma apresentação da Camerata Antiqua de Curitiba, dirigida pelo violinista curitibano Rodolfo Richter, hoje radicado em Londres. No repertório, cantatas de J. S. Bach e estreia da obra Frutares de Ronaldo Miranda, sobre texto de Hamilton Faria, encomenda da Camerata para os seus 40 anos. A orquestra estava muito bem, assim como os solistas, mas o coro deixou um pouco a desejar, com alguns problemas de afinação e timbres dos naipes. A obra estreada é extremamente singela, com recorrências inclusive a cantigas de roda.

>> Veja o vídeo do encerramento da fase erudita

Na sequência, foram inúmeros os recitais de música de câmara. Quase todos de nível internacional, como o da pianista polonesa Magdalena Lisak, do cravista Fernando Cordella, além dos extraordinários recitais com Clenice Ortigara, Jairo Wilkens, Olga Kiun, Winston Ramalho e Alexandre Razera, todos residentes e atuantes em Curitiba, que participaram ao lado de outros solistas internacionais. Grande destaque na música de câmara foi o quarteto de cordas alemão Kuss Quartet.

Alguns concertos com formações mistas e repertório muito diversificado dentro da mesma apresentação também causaram forte impacto, como foi o caso dos dois recitais que contaram com a participação do violonista Fabio Zanon, um dos maiores nomes da atualidade no universo desse instrumento. O maestro e violinista Cláudio Cruz fez também um brilhante trabalho com a Orquestra Clássica da Oficina. Uma lembrança importante nesse concerto foi a peça "Mourão", de Guerra-Peixe, cujo centenário acontece neste ano.

Antiga

Os concertos da Oficina de Música Antiga foram muito bons e à altura daquilo que de melhor se faz nos festivais internacionais. O encerramento, com a Orquestra e Coro Barroco da Oficina, transformou uma Capela Santa Maria quase lotada em um ambiente palaciano. O repertório era balanceado entre obras pouco conhecidas e uma grande obra coral já consagrada. Com um coro muito superior ao que se ouviu na abertura da Oficina, o Gloria, de Vivaldi soou de maneira nunca ouvida em Curitiba.

A única questão que paira sobre a música antiga na oficina é a ausência absoluta de repertório colonial brasileiro e hispano-americano, além da produção luso-espanhola da época que também ficou ignorada.

Logo após, o concerto de encerramento da banda sinfônica apresentou um exuberante arsenal de mais de 150 músicos no palco, sob a regência de Edivaldo Chiquini. O repertório muito ligeiro, bem ao gosto norte-americano, foi defendido com galhardia. Uma verdadeira pérola nesse repertório foi o Concerto para Piano e Sopros de Stravinsky, com competente solo de Davi Sartori.

O concerto final, com várias atrações, foi uma grande festa que começou com as apresentações dos corais de crianças das comunidades locais. Uma bela homenagem foi prestada ao compositor Henrique Morozowicz (1934-2008) pelo coro sinfônico da Oficina, brilhantemente organizado e preparado pelas maestrinas Mara Campos e Lúcia Passos. Antes da conclusão do concerto, uma pujante versão da soprano japonesa Eiko Senda, das Canções de um Jovem Viajante, de Mahler. O Choros N.º 10 ("Rasga o Coração"), de Villa-Lobos, fechou o concerto. Uma das obras mais impactantes do compositor brasileiro, escrita em 1925 sobre uma canção de Catulo da Paixão Cearense. O palco do Teatro Guaíra apresentava então um coro de 160 vozes e uma orquestra de quase 100 músicos. Uma verdadeira apoteose sob a incansável regência do maestro Osvaldo Ferreira.

Para a realização de um evento da magnitude da Oficina de Música, o esforço de produção é absolutamente hercúleo e para tanto, a equipe anônima envolvida fez um trabalho impecável.

Injustificável, porém, foi a ausência de um núcleo dedicado à música contemporânea dentro da Oficina, além do alto valor cobrado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) pelos ingressos, o que impediu a participação de significativa parte de um público interessado.

Harry Crowl é compositor e musicólogo.

Coro e orquestra encerram fase erudita da Oficina de Música

Concerto final aconteceu nesta terça-feira (13), no Guairão, e teve cerca de 300 pessoas no palco.

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