
A única regra do professor universitário David Kepesh é nunca se envolver com as alunas antes do final do curso. Solteiro e com mais de 60 anos, ele aproveita a festa anual que oferece em sua casa quando chega o fim das aulas uma tradição que mantém há décadas.
Kepesh se achava imune à paixão até conhecer Consuela (Penélope Cruz), estudante de origem cubana que o deixa transtornado. A relação dos dois é o que move a história de Fatal, filme da catalã Isabel Coixet inspirado no livro O Animal Agonizante, de Philip Roth (Companhia das Letras), em cartaz a partir desta sexta-feira.
O erotismo do filme não é tão intenso quanto o do livro e Ben Kinsgley, que foi Gandhi, incorpora um quinto da angústia que imobiliza o personagem de Roth. E o sentimento vem do fato de não poder viver sem Consuela, mas se sentir incapaz de assumir a relação com ela.
Até então vivendo sua "masculinidade emancipada", como gosta de dizer, Kepesh se vê atordoado pelo desejo que sente por Consuela numa idade em que a sociedade esperava que ele estivesse ocupado com netos e hobbies.
Não bastasse sofrer por amor, ele tem de lidar com a idade, a doença e a morte questões que se tornam próximas demais graças à figura do amigo poeta George OHearn, interpretado com sutileza por Dennis Hopper (o que não é comum para um sujeito acostumado a viver vilões psicopatas).
A relação dos amigos, o longo caso com Carolyn (Patricia Clarkson), uma ex-aluna que freqüenta sua cama há décadas, os problemas com o filho médico e uma doença inesperada de um dos personagens deixam Kepesh acuado. Não existe imunização contra esses problemas. O que ele tem a fazer? Não muito.
Philip Roth é responsável por uma das bibliografias mais consistentes da literatura norte-americana. Mas, até aqui, seus livros deram origem a filmes medíocres vide Revelações (2003), com Nicole Kidman e Anthony Hopkins.
Já Fatal consegue ficar acima da média. Kingsley e Penélope Cruz têm uma química estranha, que parece funcionar apesar de nenhum dos dois estarem muito inspirados. GGG1/2



