
A estreia desta semana no Teatro do Sesi no Portão, As Feras requer disposição imaginativa do público. Na trama, um trio formado por pessoas bem diferentes entre si um mecânico, um biólogo e uma professora de artes se vê trancado num cubículo, escondendo-se de feras que os perseguem. O que são essas feras fica para o espectador decidir.
"O que é uma fera para cada um? Os temores pessoais, o código moral, limites?", questiona o autor e diretor Enéas Lour.
A peça estreou no ano 2000 e agora foi refeita pela companhia Drops dell´arte, de Enéas.
Quando escreveu o texto, Lour tinha em mente outras questões. Agora, entraram preocupações do momento, como as manifestações mas restam aquelas existenciais, como a reflexão de Jean-Paul Sartre sobre o inferno ser "os outros".
A encenação é inspirada livremente no teatro do absurdo. "Não o clássico, do século passado, mas numa linguagem metaforizada", diz Lour. Em comum com as "feras" de Samuel Beckett, os personagens vivem um clima de ameaça constante, física e psicológica. Ao mesmo tempo, a ironia e o sarcasmo estão presentes no texto.
Atuam na peça Carlos Valente e Simone Nercolini, do grupo do Clube Curitibano, e Gilmar Rodrigues. Um ponto a favor do espetáculo é o fato de contar com trilha original, elemento cada vez mais presente no teatro curitibano. A composição é do músico Marco Duboc, enquanto a iluminação é assinada por Dani Regis.



