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A quinta edição da Festa Literária Internacional de Parati (FLIP), o maior evento literário da América Latina, já tem autores internacionais com presença confirmada. Entre eles os sul-africanos Nadine Gordimer e J. M. Coetzee, ambos ganhadores do Prêmio Nobel; o israelense Amós Oz; o moçambicano Mia Couto; os jornalistas Robert Fisk e Lawrence Wright; o autor de policiais americano Dennis Lehane; a indiana Kiran Desai; o roteirista mexicano Guillermo Arriaga e os romancistas argentinos César Aira, Rodrigo Fresán e Alan Pauls. O dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues será o autor homenageado nesta edição.

A 5ª edição da FLIP, marcada para o período entre 4 e 8 de julho em Parati, litoral do Rio de Janeiro já tem 19 convidados estrangeiros confirmados. Os dois maiores destaques vêm da África do Sul e ganharam o Prêmio Nobel: Nadine Gordimer, laureada em 1991, e J.M. Coetzee, em 2003. O show de abertura vai agitar a cidade com o balanço da Orquestra Imperial – de Nelson Jacobina, Wilson das Neves e Moreno Veloso –, que receberá João Donato, um convidado muito especial. A FLIP é uma realização da Associação Cultural Casa Azul, Unibanco e TIM.

Programação

Coetzee fará uma conferência sobre Samuel Beckett, Nobel de Literatura de 1969. Sua vinda tem ares de grande acontecimento, já que são conhecidas as aversões do escritor sul-africano à exposição pública e a falar sobre a própria obra. Gordimer faz exatamente o contrário: viaja muito e adora conversar com seus leitores. Em junho, a Companhia das Letras lançará dois livros da escritora: o romance "De volta à vida" e a coletânea de contos "Contando histórias", que ela organizou em benefício da ONG South Africa’s Treatment Action Campaign, que oferece tratamento gratuito para vítimas do HIV no país.

Outro grande nome é Amós Oz, o mais importante escritor israelense da atualidade, autor do monumental "De amor e trevas", narrativa da história de sua família, que emigrou para Jerusalém fugindo do nazismo, e uma intensa reflexão sobre o sionismo, Israel e a sociedade israelense, profundamente dividida.

Os horrores do nazismo e as relações familiares estão no núcleo de "Maus", obra-prima do revolucionário quadrinista americano Art Spiegelman, filho de judeus sobreviventes de Auschwitz.

A guerra também marcou a vida do serra-leonês Ishmael Beah, de 26 anos, mas de uma forma completamente diferente. Ele combateu na guerra civil quando tinha apenas 13 anos e conta a terrível experiência em "A long way gone: memoirs of a boy soldier", recém lançado nos Estados Unidos, que será publicado por aqui pela Ediouro.

O olhar feminino também estará presente na FLIP. Ainda desconhecida do leitor brasileiro, a egípcia Ahdaf Soueif, que vive em Londres e escreve em inglês, apresentará o romance "O mapa do amor", sucesso de público e crítica na Grã-Bretanha. Ambientado no Egito na virada do século XIX e XX, o livro é um fascinante painel histórico de uma época tumultuada, marcada pela luta contra o colonizador britânico.

Outra escritora importante vinda de uma ex-colônia britânica é Kiran Desai, de 35 anos, um dos nomes mais representativos da nova geração de jovens escritores indianos de expressão inglesa. "O legado da perda", seu segundo romance – vencedor do Man Booker Prize em 2006 – será lançado em junho no Brasil pela Editora Objetiva. O livro fala de globalização, colonialismo, racismo, imigração e diferenças entre pobres e ricos em duas histórias paralelas que transcorrem no Himalaia e em Nova York.

Novas vozes da literatura latino-americana também marcarão presença em Parati. Uma delas é o romancista mexicano Guillermo Arriaga, mais conhecido como o premiado roteirista dos filmes "Amores brutos", "21 gramas" e "Babel", todos dirigidos por Alejandro González Iñárritu, que tiveram grande repercussão internacional. Assim como os textos para cinema, os romances de Arriaga estão cheios de suspense e ação. Um doce aroma de morte, seu terceiro romance, acaba de ser publicado no Brasil pela Gryphus.

Do México também chega Ignacio Padilla, autor do elogiado Amphitryon, publicado pela Companhia das Letras. Padilla é o principal nome do Manifesto do crack, lançado em 1996, uma crítica à diluição da literatura latino-americana posterior ao realismo mágico, que reduziu este último a clichês.

O argentino Alan Pauls é outro escritor importante, que também escreve roteiros. Seu romance "O passado" foi adaptado para o cinema, com direção de Hector Babenco. O livro tem lançamento previsto para o mês de junho pela Cosac & Naify.

Seu conterrâneo, Rodrigo Fresán, é apontado como um dos melhores narradores de língua espanhola da nova geração. Dono de um estilo muito pessoal, em que o registro frenético e digressivo expressa uma visão apocalíptica do mundo moderno, Fresán mistura vários gêneros, como ficção científica, romance de amor, thriller, além de fartas referências à cultura pop e ao cinema para compor suas narrativas. Seu sétimo livro, "Jardins de Kensington", o primeiro publicado no Brasil, saiu há pouco pela Conrad Editora.

O terceiro convidado argentino é um peso-pesado: César Aira, de 58 anos, um dos mais importantes romancistas rio-platenses de sua geração. Apenas três dos mais de trinta livros que publicou saíram no Brasil: os romances "A trombeta de vime" (Iluminuras), "Um acontecimento na vida do pintor-viajante" e "As noites de flores", ambos pela Nova Fronteira. Aira se destaca pela imaginação delirante, pela aversão a modelos narrativos estabelecidos, e por uma enorme habilidade para surpreender o leitor.

Originalidade também é o forte do moçambicano Mia Couto, cuja prosa dá tratamento literário à oralidade, aos falares populares, traço comum a Guimarães Rosa, de quem Couto reconhece a influência. Sua obra é um esforço de construção da identidade de um povo marcado pela longa guerra contra a colonização portuguesa.

A guerra é a especialidade de dois jornalistas, Robert Fisk e Lawrence Wright. O inglês Fisk é um dos maiores conhecedores do Oriente Médio e seus conflitos, objeto de suas análises contundentes há trinta anos. Durante a FLIP, lançará o colossal "A grande guerra pela civilização: a conquista do Oriente Médio", seu livro mais recente, publicado pela Editora Planeta. Wright também desloca a atenção para o mundo árabe em seu último livro, "O vulto das torres – a Al-Qaeda e o caminho até o 11/9", recém-lançado pela Companhia das Letras. A obra recebeu o prêmio Pulitzer deste ano na categoria não-ficção.

A violência é abordada em outro registro pelo americano Dennis Lehane, um dos expoentes atuais da literatura policial. Seu tema preferido é a infância destruída pela violência, descrita com pungente veracidade e objeto de questionamentos morais. O romance "Sobre meninos e lobos" é seu livro de maior sucesso. Foi adaptado para o cinema por Clint Eastwood, que manteve o nome original, "Mystic river".

Outro americano, o poeta e ensaísta Jim Dodge, virou cult depois de publicar uma pequena novela, "Fup", uma fábula rural, poética, sobre o aprendizado da liberdade. Lançado no Brasil em 1983, o livro foi reeditado no ano passado pela José Olympio Editora.

Dois britânicos fecham a lista dos convidados estrangeiros confirmados até agora: o escocês William Boyd e o inglês Will Self. Boyd tem uma sólida reputação de romancista, construída com personagens exuberantes e aventuras rocambolescas que misturam realidade e invenção. Restless, seu livro mais recente, um romance de espionagem ambientado na Segunda Guerra Mundial, ganhará edição brasileira pela Editora Rocco e será lançado durante a FLIP.

O sarcástico Will Self coloca a provocação a serviço de sua causa, a reforma moral da sociedade. Grandes símios (Alfaguara), seu último romance lançado no Brasil, causou sensação ao descrever uma sociedade humana calcada no comportamento dos chimpanzés.

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