
Não é fácil ser João Luiz Fiani. Ao contrário das "acusações" de parte da classe teatral que o aponta como um empresário que se rendeu à comédia pastelão, ele diz ter prejuízo sempre. "Faço pela profissão, sou feliz com ela", contou em entrevista à Gazeta do Povo. O aluguel do casarão onde toca sua escola de atuação e as duas salas de apresentação do Teatro Lala Schneider na Rua Treze de Maio consome R$ 12 mil mensais.
Ainda por cima, a qualquer menção de seu nome entre outros artistas, o ex-locutor é obrigado a defender a qualidade de seu trabalho. O fato é que ele tem um público fiel e entrega o que promete: comédias que fazem rir, grande parte releituras de clássicos da literatura.
É o caso de Don Juan, que faz hoje sua última apresentação, e de O Fantasma da Ópera, que sai de cartaz na semana que vem.
"Prefiro chamar de comédia de costumes", diz Fiani, para quem o pastelão não se aplica ao humor que permeia seu texto. Boa parte das tiradas que o público aprova são na verdade "cacos", como são chamados os improvisos trazidos pelo elenco. Além de trejeitos e palavras de conotação sensual, eles brincam com a própria celebridade do mestre. "Aquele camarim está vazio!", gritam as coristas de O Fantasma... "Ninguém pode usar. Nem o Fiani", responde o personagem de Maicon Santini.
"Eu prefiro o texto no começo, do jeito que escrevo, mas os cacos aproximam o público", confessa o diretor, que em grande parte dos espetáculos também está em cena: o público faz questão.
Se a lotação caiu no último mês, quando o teatro ficou ocupado só pela metade, seu maior sucesso, A Casa do Terror, atualmente fora de cartaz, garante gente saindo pelo ladrão em duas sessões contínuas.
Defesa
Além dos alunos e do público fiel, Fiani tem ao seu lado atores e atrizes que ali iniciaram carreira e avisam para quem quiser ouvir: "Peraí, eu fiz A Casa do Terror número x". É o caso das consagradas Rosana Stavis, Regina Bastos e Nadja Naira, entre outros, e dos comediantes Fábio Silvestre e Marco Zenni, a quem Fiani admira.
O elenco sai das salas de aula para o palco, mas hits como os dois citados têm mais experiência. Alguns almejam continuar a formação quando conseguirem uma folga entre as inúmeras apresentações. "Meu maior sonho é ser diretora, vou fazer vestibular ano que vem", conta Daniela Costa, de 19 anos, que entrou com 11 nas aulas do Lala Schneider e ainda integra o núcleo de profissionalização teatral. Ela está em cena em O Fantasma... e sua atuação deixa claro que, quando tirou seu documento de atriz profissional, conhecido como DRT, já era íntima dos palcos, com participação em 35 espetáculos. A segurança adquirida é de fazer inveja a atrizes de bem mais idade.
Na próxima quarta-feira, o Lala começa sua mostra anual de peças. E para o próximo Festival de Teatro, Fiani planeja a estreia de O Médico e o Monstro e Belarmino e Gabriela.




