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Doce Perfume (Tatarak), o novo trabalho do diretor polonês Andrzej Wajda, é dedicado ao fotógrafo Edward Klosinski, diretor de fotografia de muitos dos seus filmes, entre os quais Homem de Mármore e Homem de Ferro.

Falecido no ano passado, Klosinski era casado com Krystyna Janda, importante atriz polonesa que vive a personagem principal de Doce Perfume.

Na parte ficcional, ela é Marta, mulher condenada a poucos meses de vida, que tem um relacionamento com o adolescente Bogus (Pawel Sajda). O encontro dos dois é um dos dramas do filme – que concorreu ao Urso de Ouro em Berlim – e foi o destaque anteontem das sessões de imprensa da 47.ª edição do Festival de Nova York.

Depois de Katyn, com viés ostensivamente político, Wajda realizou um dos filmes mais incômodos de sua carreira. "Sempre fui rotulado como um diretor político. Mas há bastante tempo eu desejava fazer alguma coisa mais intimista, mais emocional, estava mais do que na hora e acho que consegui com Doce Perfume", explica o diretor.

Seu desejo inicial era realizar a adaptação da história de Jaroslaw Iwaszkiewicz, sobre uma mulher casada que se envolve com um jovem de 20 anos.

Enquanto pensava em como poderia converter o pequeno conto de Iwaszkiewicz num longa-metragem, o diretor concluiu que queria Krystyna para viver o papel de Marta.

"Quando estávamos iniciando as filmagens, ela me disse que Klosinski estava doente em estado terminal e ela queria ficar ao seu lado nos seus últimos momentos. Aguardei e, após a morte dele, Krystyna me deu uma espécie de diário no qual relatava os últimos dias do marido. Perguntei então a ela – que havia escrito o texto como uma espécie de purgação – se estaria disposta a compartilhar com outras pessoas a traumática experiência da morte de Edward", conta Wadja que, com a concordância da atriz, decidiu misturar o manuscrito de memórias com o conto de Iwaszkiewicz. Num exercício brilhante de metalinguagem – um filme dentro do filme – e numa mescla de referências reais e trato ficcional, a atriz faz um monólogo autorreferente num quarto de hotel, sobre a dor da perda do seu marido.

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