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O cineasta brasileiro Henrique Goldman embarcou no projeto de um filme sobre a morte de seu compatriota Jean Charles de Menezes com o objetivo de contar "a história humana" que se esconde por trás das manchetes de jornais.

- Que o mataram, que fizeram uma injustiça, que não quiseram assumir seus erros, isso a gente sabe - disse Goldman à EFE em Londres, onde reside e onde criou em 2002 sua produtora Mango Films.

Mas o filme conta também "quem era Menezes" e "como se pode seguir vivendo quando se perde alguém assim", fala o diretor.

E precisamente por isso, por ser também um brasileiro que emigrou para Londres, a história do jovem baleado a queima-roupa em 2005 no metrô londrino por policiais que o confundiram com um terrorista suicida atraiu o diretor desde o início.

A princípio, Goldman ia dirigir o documentário sobre o "caso Menezes" que a cadeia de televisão britânica BBC planejava produzir, mas esse projeto inicial estava mais centrado na atuação da polícia e da justiça britânicas, "isso que os meios de comunicação falam todos os dias".

- Para mim isso gerou muitos dilemas - confessou o diretor brasileiro.

"Jean Charles", este será o título do filme cuja filmagem está prevista para o verão europeu, mostrará "um brasileiro de origem humilde que veio aqui para realizar seu sonho de ganhar dinheiro", que era "muito ativo e muito empreendedor" e "que também gostava de se divertir e das mulheres", disse Goldmand.

No filme haverá humor, sexo e uma Londres desconhecida, "a dos imigrantes brasileiros", "a das festas onde se escuta música sertaneja", e a das ruas onde se vende comida brasileira.

O filme, que será rodado em Londres e no Brasil, também vai falr das estreitas relações que Menezes mantinha com sua família. O brasileiro tinha 27 anos quando morreu e trabalhava como eletricista.

- Ele custeava os gastos para que todos seus primos viessem aqui. Ele queria viver aqui, mas queria estar no Brasil ao mesmo tempo, por isso trouxe todos os seus primos - contou Goldman - Ele amava muito este país. Essa era a triste ironia. No Brasil, ele sempre falava de como era linda a Inglaterra, da paz da qual gozava, de como a polícia era boa, que não era violenta, como no Brasil - continuou.

O filme, que será rodado quase todo em português, começa no dia em que Menezes chega a Londres pela última vez vindo do Brasil, para onde viajava com muita frequência, acompanhado por sua prima Vivian, e relata também o primeiro ano depois de sua morte.

A razão para isso, como disse Goldman, é que o filme "é também a história de como se continua vivendo quando se perde alguém assim. É uma questão fundamental, perdemos e ganamos, mas temos que continuar vivendo".

Agora Goldman trabalha junto a Marcelo Starobinas, também brasileiro, no roteiro do filme e no processo de definir a psicologia dos personagens, e ainda não foi feita nenhuma seleção de possíveis intérpretes.

- Estamos escrevendo uma ficção, mas uma ficção sobre gente que existe e a temática é muito dura. É um trauma na vida de todos eles - explicou o diretor.

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