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O  ator-revelação Manish Dayal e Helen Mirren travam batalha na cozinha em A 100 Passos de um Sonho | Divulgação
O ator-revelação Manish Dayal e Helen Mirren travam batalha na cozinha em A 100 Passos de um Sonho| Foto: Divulgação

Em cartaz

Comédia dramática Chef exalta a escolha pela baixa gastronomia

Outro filme em cartaz que lida diretamente com o tema gastronomia é a comédia dramática Chef, escrita, dirigida e estrelada por Jon Favreau. Como em A 100 Passos de um Sonho, a culinária tem, ao mesmo tempo, papel central na trama e serve de pretexto para que sejam discutidos outros temas, como a autossuperação e a vida em família.

Favreau vive o intempestivo cozinheiro Carl Casper que, ao bater de frente com um temido crítico de gastronomia, perde seu emprego em um renomado restaurante de Los Angeles. Com a autoestima em baixa, ele também enfrenta problemas em sua vida pessoal: separado da mulher (Sofia Vergara), não consegue dar ao filho, Percy (Emjay Anthony), toda a atenção que gostaria.

Ao fazer a transição da alta para a baixa gastronomia, quando resolve tocar um food truck (restaurante móvel) de comida cubana, em um projeto que acaba incluindo a participação ativa de Percy, a vida de Carl começa a andar – literalmente. Mais uma vez, a descoberta de novos sabores, mais essenciais é usada como metáfora para falar sobre a importância e o direito de se buscar a felicidade por meio de escolhas mais autênticas e honestas.

  • Jon Favreau (à dir.) escreve, dirige e estrela Chef

Quem não gosta cinema, e de comida, bom sujeito não é. Afinal, são dois prazeres sem os quais a vida ficaria um tanto sem graça. Talvez por isso a culinária seja tão revisitada por roteiristas e diretores, que dela se apropriam com diferentes propósitos, mas quase sempre para discutir temas que transcendem o paladar, e vão do amor à tolerância racial.

A 100 Passos de um Sonho, filme do cineasta sueco Lasse Hallström (de Chocolate e As Regras da Vida), que estreia hoje nos cinemas brasileiros, recorre à gastronomia para contar uma edificante história sobre como a linguagem dos sabores pode ser importante na aproximação entre culturas que, aparentemente, se chocam por conta das diferenças que as separam.

Narrado em tom assumidamente romântico, como uma espécie de conto de fadas moderno e até certo ponto idealizado, o filme é a adaptação de A Viagem de Cem Passos, romance de estreia do jornalista Richard C. Morais, ex-editor da revista econômica Forbes.

O personagem central da trama é Hassan (a revelação Manish Dayal), um jovem indiano que aprende com a mãe os segredos da culinária da região de Mumbai, e revela, na medida em que se torna adulto, ter notável talento para a cozinha.

Quando um conflito político, seguido de uma tragédia, força os Kadam a deixar o país, Hassan, o pai (Om Puri) e os irmãos partem rumo à Inglaterra em busca de uma nova vida.

Primeiro se instalam em Londres, mas o frio e a escassez de verduras e legumes "que tenham gosto de vida" colocam a família de novo em movimento: precisam encontrar um lugar onde haja variedade de ingredientes frescos, e um gosto cultural pela boa comida. Eles vão parar na França, onde se instalam em uma pequena cidade do interior.

A presença de imigrantes visivelmente diferentes causa certo desconforto em Saint Antonin-Noble-Val, desacostumada a estrangeiros tão, digamos, exóticos. E, para complicar a situação, a família Kadam resolve abrir o seu negócio exatamente em frente a um renomado restaurante de comida francesa, administrado pela Madame Mallory (Helen Mirren, de A Rainha), que vê na chegada dos novos vizinhos uma afronta e, no fundo, ao perceber as qualidades de Hassan, uma ameaça.

O filme, produzido por Steven Spielberg e Oprah Winfrey, até propõe uma discussão interessante sobre alteridade e racismo, mas prefere apostar em um tom conciliador, evitando se aprofundar em uma discussão que daria pano para muitas mangas quando se pensa nas relações raciais na Europa contemporânea, onde há uma escalada do pensamento conservador e xenófobo.

Essa opção não chega a estragar o filme, que reafirma a habilidade de Hallström de contar histórias de interesse humano, e com algo de fábula – como esquecer seu melhor filme, Minha Vida de Cachorro (1985), que o revelou ao mundo e lhe rendeu uma indicação ao Oscar de direção, feito que repetiria com As Regras da Vida, de 1999?

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