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Depois de assistir a 250 filmes nos últimos três meses, o diretor do Festival de Cinema de Berlim, Dieter Kosslick, viu o bastante do lado sombrio do mundo para toda uma vida. Mas o homem que corre o risco de exagerar na dose de filmes deprimentes está mais contente do que nunca com seu festival.

Saboreando a crescente popularidade do evento em meio estagnação econômica da Alemanha, Kosslick e sua equipe peneiraram um recorde de 4 mil filmes, escolhendo 400 para a principal competição e para as exibições paralelas.

Um número recorde de 18 mil compradores, vendedores, produtores, diretores e atores de cinema, assim como jornalistas do mundo todo, vão lotar as sessões de exibição e as coletivas de imprensa ao redor da Potsdamer Platz durante o festival, que acontece entre 9 e 19 de fevereiro.

- Houve mais interesse no Berlinale este ano do que em qualquer outro momento de sua história - disse Kosslick em uma entrevista antes da 56ª edição do festival que, ao lado de Cannes e Veneza, é visto como os três mais importantes do mundo.

- O interesse foi gigantesco este ano - acrescentou, destacando que o Mercado de Filmes Europeus, onde se reúnem compradores e vendedores de todo o mundo, mostrou um aumento de 45% este ano com o comparecimento de 254 empresas.

- O mercado de filmes é o motor econômico do festival, mas os filmes continuam seu coração e sua alma - disse Kosslick, que assumiu o controle do festival há cinco anos, transformando-o em um evento recheado de estrelas.

Ao contrário de outros grandes festivais, o Berlinale também tem exibições para o público em geral, com 150 mil ingressos vendidos por ano.

"Snow cake", uma produção anglo-canadense que traz Sigourney Weaver como uma mulher autista, vai abrir o Festival de Berlim. A atriz deve aparecer no tapete vermelho junto com outro ator do elenco, Alan Rickman. O favorito de Berlim, George Clooney, também deve estar presente para promover "Syriana", um thriller político sobre a indústria do petróleo.

Entre os que disputam um prêmio estão "Candy", filme australiano sobre um jovem casal que se envolve com drogas. Traz no elenco Heath Ledger, que este ano está sendo cotado para o Oscar por seu trabalho em "O segredo de Brokeback Mountain".

Guerra, prostituição, drogas, corrupção, abuso infantil e supressão estão entre os duros temas dos filmes este ano.

- Não temos um mote formal este ano - disse Kosslick, que disse que várias outras celebridades estariam na cidade, mas se recusou a listá-las por medo de levar um cano no último minuto.

- Temos vários filmes que mostram um mundo duro como ele realmente é - acrescentou.

O júri será liderado pela atriz britânica Charlotte Rampling.

Kosslick recebeu várias críticas no ano passado de jornalistas alemães pelo pobre filme de abertura, "Man to man". Cínicos disseram que a obra só foi escolhida porque traz no elenco Kristin Scott Thomas e Joseph Fiennes, e os atores haviam prometido aparecer em Berlim.

Depois que as estrelas do filme de abertura de 2004, "Cold Mountain", não apareceram, Kosslick parecia determinado a não ser deixado sozinho no tapete vermelho mais uma vez, disseram.

- Eu ouvi as críticas - disse ele. - O público exige filmes inteligentes porque Berlim é diferente. Não é simplesmente cinema comercial. Não adiantaria nada estender o tapete vermelho se o filme não funciona.

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