Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Livro

Filmes virados do avesso

A Editora da UFPR lança hoje Mulheres, Homens, Olhares e Cenas, que reúne ensaios e artigos que discutem conceitos de gênero no cinema e na televisão

O Céu de Suely é discutido em um dos artigos, assinado por  Sandra Fischer | Divulgação
O Céu de Suely é discutido em um dos artigos, assinado por Sandra Fischer (Foto: Divulgação)
O premiado O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee: homossexualidade |

1 de 1

O premiado O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee: homossexualidade

Filmes e séries televisivas de ficção científica do fim dos anos 1960, como O Planeta dos Macacos, Perdidos no Espaço e Jornada nas Estrelas, incorporaram elementos da cultura jovem da época, incluindo uma visão mais liberal da mulher. Mas também teriam deixado de reproduzir visões conservadoras de família e de gênero?

Quase 40 anos depois, o premiado filme O Segredo de Brokeback Mountain venceu três Oscars em 2006 e desafiou setores mais conservadores da sociedade ao contar a história de dois caubóis gays nos Estados Unidos. O filme contribuiu para promover o debate sobre homossexualidade, mas também levanta dúvidas. Teria conseguido evitar o teor negativo e estereótipos ligados ao tema até hoje?

A análise do cinema atual na formação dos conceitos de gênero é o tema principal do livro Mulheres, Homens, Olhares e Cenas, organizado por Miriam Adelman, Amélia Siegel Corrêa, Lennita Oliveira Ruggie e Ana Carolina Rubini Trovão, e publicado pela editora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A coletânea reúne artigos de pesquisadores da área, incluindo duas autoras estrangeiras (a norte-americana Bel Hooks e a australiana Sue Gillet), que analisam filmes brasileiros como Dona Flor e Seus Dois Maridos (de Bruno Barreto, 1976), ficções científicas, cinema feminista e até produções indianas.

As organizadoras coordenam uma palestra durante o lançamento da coletânea de artigos, que acontece hoje, às 19h30, na Livrarias Curitiba do Shopping Estação.

"Nós trabalhamos com a ideia de que todos nós, pessoas e integrantes de uma determinada comunidade local e global, nos moldamos a partir das relações estabelecidas com pessoas e discursos. Entre os mais importantes da atualidade, que forja a subjetividade das pessoas, é o que vem das mídias", diz a professora do programa de pós-graduação em Sociologia da UFPR Miriam Adelman. "Desde pequenos e pequenas, todos nós assistimos a filmes que vão forjando nossas percepções sobre o mundo e nossos desejos sobre o que queremos ser. Nesse sentido, é uma força cultural muito grande."

De acordo com a professora, a publicação era um desejo antigo. O Núcleo de Estudos de Gênero da universidade, cofundado por Miriam em 1994, já chegou a publicar um caderno com artigos sobre o tema em 2003. Apesar da tiragem pequena – cerca de 250 exemplares –, a publicação foi bem recebida. O núcleo também organizou ciclos de debates em locais como a Cinemateca. "Depois das mostras, surgiu a ideia de publicar o material, e decidimos expandir", disse.

Além dos já citados, os autores analisam filmes como documentário brasileiro Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho, os estrangeiros As Horas (2002), de Stephen Daldry, She’s Gotta Have It (1986), de Spike Lee, e a produção holandesa A Excêntrica Família de Antonia, da cineasta feminista Marleen Gorris.

Embora os artigos da coletânea sejam acadêmicos, Miriam espera que o livro não fique restrito ao público das universidades. "Estamos abrindo espaço a um longo debate para o futuro", diz.

Serviço

Lançamento do livro Mulheres, Homens, Olhares e Cenas. Projeto Café Científico, com palestra das organizadoras. Hoje, às 19h30, na Livrarias Curitiba do Shopping Estação (Av. Sete de Setembro, 2.775), (41) 3330-5118.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.