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Show do Pelebrói Não Sei foi ofuscado por uma briga violenta entre punks e skinheads | Andye Iore/ Divulgação
Show do Pelebrói Não Sei foi ofuscado por uma briga violenta entre punks e skinheads| Foto: Andye Iore/ Divulgação

Os idiotas de sempre venceram mais uma vez e uma das ideias mais legais da cidade nos últimos anos ficou manchada de sangue. O Curitiba Rock Carnival foi criado para ser um festival de rock gratuito, no centro da cidade, aproveitando a onda do tradicional Psycho Carnival, que há anos faz as antenas do mundo rocker se virarem para cá nesta época do ano. Uma grande festa popular de um dos gêneros musicais de que a cidade mais gosta.

Porém, por razões absurdamente torpes e imbecis, que as investigações policiais vão demonstrar, quatro pessoas foram parar no hospital, uma delas em estado grave. É difícil de entender e também de tentar explicar.

Eu estive lá no domingo, uma tarde que começou com a divertida Zombie Walk, a caminhada dos zumbis no domingo de carnaval. Uma brincadeira inofensiva que une pais e filhos maquiados. O sangue falso das fantasias era o único que esperava ver.

A princípio, tudo parecia estar nos seu lugar. O espaço da festa, um estacionamento anexo à Câmara de Vereadores, é muito agradável, ideal para shows para uns poucos milhares de pessoas.

A praça de alimentação, as lojas de artigos rockers e os carros antigos expostos completavam a proposta. O espaço estava cheio de crianças correndo e brincando, carrinhos de bebê, um clima de paz.

No palco, o ótimo punk da Radio Cadáver falava de lendas urbanas do Boqueirão e a barulheira da Cadela Maldita dava o tom certo.

Lá pelas 18 horas, subiu ao palco o Pelebrói Não Sei. A banda parece estar de volta depois de um longo hiato. Eles têm uma coisa que poucas outras bandas têm em Curitiba: fãs. Que cantam em uníssono as letras e refrões. Letras que falam sobre coisas que lhes dizem respeito, como ficar adulto e ter desilusões amorosas. O carisma do vocalista Oneide Diedrich é digno de nota, e era sobre a qualidade do show que eu gostaria de estar escrevendo agora. Porém, no final da apresentação, irrompeu uma briga. Um homem sangrava. Tinha sido golpeado à faca pelas costas.

A segurança interveio e retirou o agressor. A vítima saiu andando e esperou a chegada da ambulância que foi chamada. Os portões fecharam. Ninguém mais entrava no galpão. Quem estava dentro, ficou com medo de sair. Pois sentíamos que a confusão recrudescia do lado de fora. Com o tempo, foram chegando as (más) notícias. Mais três pessoas haviam sido esfaqueadas.

A primeira versão dos motivos é tão estúpida que é triste descrevê-la. Os agressores seriam pessoas de grupos punks antinazistas que atacaram outras cujas aparências correspondiam ao estereótipo dos skinheads. A ideia é surreal demais: "vamos salvar o mundo da ameaça nazi esfaqueando as pessoas pelas costas". E, pelo amor do bom Deus, punks contra skinheads em 2014? Uma briga que vem desde os anos 1980 e que sempre foi ridícula.

O histórico show de reunião do Beijo AA Força só aconteceu para mostrar que a violência não pode vencer todas. A lendária banda subiu ao palco, triste e meio constrangida, e tocou um terço das canções programadas no repertório.

No final, a sensação foi de impotência completa, de uma grande brochada (com o perdão da expressão chula, mas a que melhor exprime o sentimento geral) coletiva.

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