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Penélope Cruz, atriz-fetiche de Almodóvar, interpreta uma mulher vítima da paixão em "Abraços Partidos" | Divulgação
Penélope Cruz, atriz-fetiche de Almodóvar, interpreta uma mulher vítima da paixão em "Abraços Partidos"| Foto: Divulgação

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Em seu último filme, Abraços Partidos (assista ao trailer e veja as fotos), Pedro Almodóvar cria uma trama intrincada, em que mantém as cores e dramas intensos de sua cinematografia ao mesmo tempo que faz uma homenagem a diretores de cinema que admira e a si próprio. Como nos filmes Tudo sobre Minha Mãe e Volver, que antecedem a no­­va produção, ele magnetiza todos olhares em direção à sua atual diva, a atriz Penélope Cruz.

É curioso como Almodóvar insere recursos dos thrillers de Alfred Hitchcock para contar esta história de amor trágico em que presente e passado se alternam como fragmentos de memória de um dos personagens, Harry Caine (Lluís Homar), um cineasta que mesmo após ficar cego nunca parou de criar. Ele vive aos cuidados de sua agente Judit (Blanca Portillo) e do filho dela, Diego (Tamar Novas), um jovem DJ que sonha em fazer seu primeiro filme.

Um dia, Harry é surpreendido por Ray-X (Rubén Ochandiano), um falso documentarista gay que deseja contratá-lo para produzir um roteiro contra o pai homofóbico, o magnata Ernesto Martel (José Luiz Gómez). O encontro desagrada e surpreende Caine, fazendo-o volver 14 anos no tempo.

Ele se recorda de seu envolvimento com Magdalena (Penélope Cruz), ex-garota de programa e secretária do milionário Martel, com quem ela se casa, tornando-se uma dona de casa frustrada pelo desejo irrealizado de ser atriz. Até que é convidada a fazer um teste para o papel principal do filme Chicas y Maletas, dirigido por Mateo Blanco, que é Harry Caine no tempo presente. Os dois passam a viver uma paixão ameaçada pelo ciúme do marido traído.

Em meio a uma trama de suspense forjada por interesses financeiros e sentimentais, Almodóvar insere alusões às suas primeiras comédias escrachadas em cenas do "filme dentro do filme" que é, na verdade, um pastiche de Mu­­lheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988). As referências cinematográficas também estão visíveis nos figurinos à la Marilyn Monroe e Audrey Hepburn de Penélope Cruz, que, como ela, foram atrizes-fetiches.

Os movimentos de câmera lembram produções como Psicose e há referências diretas a outros filmes como, por exemplo, na cena em que Caine pede a Diego que coloque no aparelho de DVD o filme As­­censor para o Cadafalso, primeiro trabalho de Louis Malle, só para ouvir a voz da atriz Jeanne Moureau.

O espectador vai juntando, aos poucos, os fatos e relacionando as histórias de Harry Caine, Raio-X, Judit e Diego às de Magdalena, Ernesto e Mateo neste que o próprio Almodóvar considera seu filme mais difícil. Com a história solucionada, não há revanches ou vinganças, mas uma opção pelo perdão e por não julgar o ser humano. Imperdível. GGGG

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