"At Berkeley", de Frederick Wiseman que deu início às prévias para a imprensa da 51ª edição do Festival de Nova York (27.09 a 13.10) conseguiu prender a atenção da plateia durante quatro horas, tempo de duração do documentário.
Vindo de Veneza, onde fez sua estreia, At Berkeley é também uma das atrações do Festival do Rio, que começa no próximo dia 26 de setembro.
Tendo como pano de fundo a crise econômica americana, o filme faz um retrato contundente de uma instituição pública de ensino nos EUA, incluindo temas relacionados com o financiamento universitário e o futuro da educação superior no País.
O diretor passou 12 semanas na tradicional Universidade da Califórnia em Berkeley, convivendo com professores e alunos e com permissão para participar de aulas, encontros, protestos estudantis e reuniões administrativas.
Wiseman, autor também do clássico Titicut Follies (1967), pratica seu ofício com grande sutileza. At Berkeley é um filme franco, honesto e aberto a várias interpretações.
Na coletiva após a projeção Wiseman falou sobre a inspiração para o filme e sua fixação em registrar a forma como as pessoas funcionam nas instituições:
"Eu já havia abordado vários tipos de instituições e queria retratar uma universidade. Eu sempre tento escolher um lugar que seja um bom exemplo na sua natureza e Berkeley, para os padrões de qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, é um grande complexo universitário. É bem complicado, mas é mais interessante", disse o diretor lembrando que as sociedades têm instituições similares às que ele filma.
"Escolas, hospitais, prisões, exércitos e outras organizações dedicadas a várias atividades tem muitos pontos em comum. O importante é a forma como funcionam em cada país, o que explica muito de cada sociedade", ressaltou Wiseman, complementando que não gosta de dar interpretações sobre seus filmes, já que isso é uma tarefa destinada aos espectadores.
"O filme é autoexplicativo, assim não acho necessário explicar a mensagem que eu quis passar. Eu sempre achei que se conseguisse passar um bom tempo em Berkeley faria um bom filme e tentei fazê-lo. Agora desejo que ele encontre seu público", ressaltou o diretor, reconhecendo que a colaboração da Universidade foi fundamental para os resultados.
"Todos foram extremamente receptivos, do chanceler ao reitor, foram muito abertos e generosos, me permitindo participar de conversas, reuniões e eventos. Eu tive material suficiente para fazer um filme de 20 horas", revelou, expondo os resultados que espera com o filme.
"A Universidade da Califórnia em Berkeley vem tentando encontrar um caminho para manter bons resultados em face da crise econômica. A recessão diminuiu os recursos para a educação pública. Eu espero que o documentário contribua para corrigir isso", afirmou o engajado diretor.



