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Notas

G Indica

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Blu-ray

Os Pássaros

(The Birds, Estados Unidos, 1963). Direção de Alfred Hitchcock. Com Tippi Hedren, Rod Taylor e Jessica Tandy. Paramount. 119 minutos. Classificação indicativa: 14 anos. Preço médio: R$ 69,99. Suspense.

Quando Melanie Daniels (Tippi Hedren, mãe da atriz Melanie Griffith) aparece em Bodega Bay, cidade do litoral da Califórnia, próxima de São Francisco, atrás do cobiçado solteirão Mitch Brenner (Rod Taylor), a bela loira é bicada por uma gaivota. A sua presença faz com que milhares de pássaros sejam atraídos à localidade, onde passam a ameaçar crianças na escola e moradores, causando morte e terror com seus ataques.

Preste atenção: Um dos grandes filmes do mestre Alfred Hitchcock, Os Pássaros dá margem a inúmeras interpretações. A mais defendida pelos críticos é psicanalítica: a agressividade das aves seriam a materialização do ciúme da mãe de Mitch, Lydia (Jessica Tandy, de Conduzindo Miss Daisy), que se sente ameaçada pela chegada de uma mulher que pode não apenas seduzir o filho, um homem adulto e maduro, mas o tirar de seu domínio. Esta belíssima edição remasterizada em Blu-ray, comemorativa aos 50 anos do filme, inclui inúmeros extras, desde documentários sobre a produção, trailers e cenas excluídas, até um pôster exclusivo. (PC)

Livro 1

O Evangelho Segundo Hitler

Marcos Peres. Record. 349 páginas. R$ 38. Ficção.

O Evangelho Segundo Hitler foi publicado pela Record, após vencer o Prêmio Sesc de Literatura. O protagonista é um argentino que se chama Jorge Luis Borges, como o escritor. Crente no destino e sob um verniz de inveja, já que tentou escrever e não teve sucesso, o personagem quer assassinar o Borges famoso, por deduzir – a partir de contos que escreveu sobre Judas Iscariotes – que ele colaborou com o nazismo e com o Holocausto. O autor promove encontros entre ambos, lembrando outra história do Borges real, intitulada "O Outro", na qual se mostra duplicado, em um confronto amistoso com uma versão mais nova de si mesmo. Tomando Umberto Eco e o seu O Pêndulo de Foucault como evidentes referências, Peres expõe uma teoria, a mesma do protagonista, composta por elementos reais e ficcionais. Cria uma espécie de castelo de areia argumentativo, deixando o leitor à deriva de questionamentos sobre a veracidade do que lê, para, ao fim, destruí-lo, e gerar reflexão: o verossímil pode ser falso.Por que ler? Peres se apropria dos grandes para não se reduzir à blasfêmia na diegese que constrói. Além de Borges e Eco, reverencia Trevor Ravenscroft e o Rodion Raskolnikov de Fiodor Dostoievski. Salta da paraliteratura para a literatura propriamente dita. Um escritor a se prestar atenção. (TR)

Livro 2

Tolstói, a Biografia

Rosamund Bartlett. Tradução de Renato Marques. Biblioteca Azul, 640 págs., R$ 69,90. Biografia.

Nascido em uma família aristocrática em 1828, órfão de pai e mãe aos 8 anos de idade, Liev Tolstói se tornou um dos nomes mais influentes da literatura mundial. À época de sua morte, em novembro de 1910, era o homem mais famoso de toda a Rússia. Na biografia que retrata a sua trajetória, lançada pela Biblioteca Azul, um dos braços da Globo Livros, a autora, que é tradutora e biógrafa de Thekhov, se debruça sobre a concepção dos grandes romances de Tolstói, como Guerra e Paz (1869) e Anna Kariênina (1877). Mas, além de destrinchar a elaboração dos livros, a biógrafa retrata os diferentes períodos da vida do escritor. Esse panorama consegue dar ao leitor a ideia do porquê ele ter sido um dos homens mais importantes de seu país. A autora também teve o cuidado de inserir elementos que ajudam a compreender melhor a história de Tolstói, como uma cronologia, árvore genealógica das famílias e indicações de leituras complementares.

Preste atenção: em informações pouco conhecidas sobre o escritor que são reveladas pela biógrafa, como a juventude, marcada por grandes prejuízos em cassinos, e a organização de uma cartilha, que Tolstói queria que se tornasse a base da educação na Rússia. (IR)

CD

Bixiga 70

Bixiga 70. Traquitana. R$ 20 (CD), R$ 60 (LP) e download gratuito em bixiga70.com. Afrobeat.

A banda instrumental paulistana Bixiga 70, dois anos depois de um elogiado disco de estreia calcado na fusão do afrobeat de Fela Kuti com música brasileira e latina, lançou seu segundo álbum, novamente homônimo. Concebidas com maior peso de guitarras e teclados e com bases rítmicas poderosas – mais "nervosas" em referência aos dias de mobilização social vividos pelo país como sugerem faixas como "Ocupai" –, as músicas imprimem no disco um retrato mais aproximado das apresentações do grupo ao vivo. A produção e os arranjos, que apontam para referências que vão do Caribe à Etiópia, são todos assinados pelo grupo.

Por que ouvir? Formada por músicos de primeira, oriundos de diversos projetos da cena paulistana, a Bixiga 70 surgiu como uma das novidades mais interessantes da música nacional recente. A energia das músicas da big band é dançante e, ao mesmo tempo, hipnotizante – da imponência dos sopros aos grooves de baixo, bateria e percussão. Seus shows renderam convites para apresentações em festivais na Europa ao lado de nomes importantes do afrobeat. (RRC)

Livro 3

Diário de um Ano de Trevas

Alceu Amoroso Lima. Editora do Instituto Moreira Sales. 294 págs. R$ 50. Memórias.

Nesta segunda edição das cartas de Alceu Amoroso Lima para sua filha, a madre Maria Teresa, a família do crítico literário e professor optou por reunir as correspondências do ano de 1969. Isso acabou por dar um tom uniforme às mensagens e um valor histórico ao conjunto. Todas as cartas foram escritas sob o impacto do Ato Institucional Número 5, baixado pelo governo militar no dia 13 de dezembro de 1968 e que restringiu as liberdades individuais e de expressão no Brasil, dando início à fase mais dura da ditadura. Alceu, que publicava seus artigos de opinião em vários jornais sob o pseudônimo de Tristão de Ataíde, se vê calado. Ao seu redor, políticos, jornalistas e militantes da oposição sofriam perseguição e eram presos. Amoroso Lima registra diariamente nas cartas à filha, que vivia em um convento, a revolta com a perda da democracia.

Por que ler? O livro oferece o retrato fiel de uma época a partir da visão de um homem culto e politizado, mas sem envolvimento com a vida partidária. O tom familiar que Amoroso Lima usa (afinal, está se dirigindo à filha) e suas digressões, que incluem comentários sobre a rotina de um idoso, tornam a leitura agradável. (MS)

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