
A contradição marcou a entrega do Troféu Gralha Azul na noite de terça-feira, no Guairinha. A alegria dos premiados e simpatizantes, que torciam por suas peças favoritas com aplausos e gritos, contrastou com as críticas explícitas à seleção. O que aliviou o clima foi a chegada da atriz Renata Sorrah para a entrega dos dois prêmios mais importantes.
O espetáculo O Olhar de Neuza foi o mais premiado. A peça da Cia. do Abração celebra a vida madura da mulher, expondo suas angústias numa montagem de forte teor poético e, em alguns momentos, engraçada. A direção e texto de Letícia Guimarães, a atuação no monólogo de Fabiana Ferreira e a composição musical de Karla Izidro (que faz uma belíssima participação inspirada no fado português) foram premiadas. A montagem também levou a categoria de melhor espetáculo adulto.
Entre os infantis, o premiado foi Os Fantásticos Equilibristas, de Mauricio Vogue, que levou ainda o troféu de melhor direção infantil.
As principais manifestações de crítica ao Troféu ou à sua atual execução vieram de uma performance nas portas do Guairinha, em que uma atriz de vestido longo e máscara do E.T. de Spielberg chamava a atenção para a ausência de indicações do interior do estado (o prêmio é estadual). O ator Jeff Bastos, que entregou o prêmio de melhor atriz coadjuvante, fez duras críticas à própria classe por permitir o fechamento do Espaço Cênico e o fim da Mostra Cena Breve.
Apesar do temor de que o prêmio venha a acabar, dadas as confusões e críticas surgidas nos últimos dias, Mônica Rischbieter, presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, entidade que organiza o prêmio em conjunto com o sindicato da classe, garantiu que ele permanece, mas que poderão ser feitas modificações.



