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Cinema

Gramado quer mais holofotes

Na 39.ª edição do festival de cinema, foram investidos cerca de R$ 3 milhões. Filmes selecionados têm qualidade e agradaram ao público

O recém-reformado Palácio dos Festivais, local das exibições, esteve quase lotado no dia da abertura, mas valor dos ingressos afasta o público | Edison Vara/Divulgação
O recém-reformado Palácio dos Festivais, local das exibições, esteve quase lotado no dia da abertura, mas valor dos ingressos afasta o público (Foto: Edison Vara/Divulgação)
Riscado, de Gustavo Pizzi: boa recepção |

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Riscado, de Gustavo Pizzi: boa recepção

O filme O Palhaço, dirigido por Selton Mello: hors-concours |

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O filme O Palhaço, dirigido por Selton Mello: hors-concours

Uma Longa Viagem: documentário intimista de Lúcia Murat |

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Uma Longa Viagem: documentário intimista de Lúcia Murat

Gramado - A infraestrutura e a programação exibida no 39.º Festival de Cinema de Gramado mostram que o evento – o mais antigo do gênero no país, mas que vinha sofrendo a concorrência de outras mostras – quer se reafirmar como um dos festivais de cinema mais relevantes do Brasil. Os R$ 3 milhões investidos fazem da ocasião não só uma boa vitrine para os filmes, mas também impulsiona o turismo da pequena cidade gaúcha de 35 mil habitantes. O Palácio dos Festivais, local das exibições, passou por uma grande reforma e os patrocinadores não perdem a chance de divulgar seus produtos por ali: a Kia do Brasil, por exemplo, colocou à disposição nove carros de seu mais novo lançamento, que custa R$ 125 mil, para auxiliar no transporte dos convidados do evento.

Os sinais de que Gramado está na direção certa desta retomada, antes de completar 40 anos, são claros: o número de filmes inscritos aumentou 43% em relação ao ano passado, mais de 2 mil convidados e 800 jornalistas brasileiros e estrangeiros circulam pelo festival e o incremento de turistas durante o evento é bastante considerável. "Queremos fazer deste o maior festival de Gramado de todos os tempos", diz o presidente da comissão executiva no festival, Alemir Coletto.

Cabe lembrar que, assim como o cinema brasileiro, Gramado também sofreu no início da década de 1990 com a quebra na produção cinematográfica causada pelo fechamento da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), que deixou o cinema nacional sem fomento estatal. Na época, a solução foi in­­cluir filmes latino-americanos na Mostra Competitiva, a principal (há também a Mostra Gaúcha que exibe 20 filmes selecionados pela organização do festival e por representantes da Assembleia Legislativa do Estado).

Curadoria

Pelo menos nos primeiros dias, o Festival de Gramado apresentou, com poucas exceções, uma seleção de longas-metragens de qualidade e curadoria cuidadosa, exibindo na mesma noite produções que dialogam entre si. O Palhaço, filme de abertura dirigido e protagonizado por Selton Mello, foi até agora o principal acontecimento do festival, mesmo não sendo concorrente na Mostra Competitiva. A história de pai (Paulo José) e filho (Selton Mello), donos do Circo Esperança, comoveu o público.

Mello declarou em entrevista coletiva que, assim como em Feliz Natal (seu filme anterior), optou por convocar para o elenco atores novos e também atores experientes que estão ou não na ativa. Um deles, é Ferrugem, o eterno garoto-propaganda da marca de sapatos infantis Ortopé, que interpreta o funcionário de um cartório. "Isso aconteceu no filme anterior com a Darlene Glória e agora com o Ferrugem, que são atores lindos, mas que não recebem o devido valor. O Brasil é muito cruel neste sentido". Com estrutura simples, O Palhaço traz reflexões sobre unidade familiar, busca da identidade e vocação. "Poderia ser a mesma história com um advogado que quer largar a carreira e ser saxofonista. Fico sonhando que as pessoas se identifiquem", disse o diretor.

Os filmes Riscado, primeiro longa-metragem do diretor Gustavo Pizzi e Medianeras, do argentino Gustavo Taretto, foram os concorrentes mais bem recebidos pelo público. Medianeras, que aborda as relações humanas de uma geração que resolve sua vida toda praticamente por meio da internet, recebeu diversas salvas de palmas do público. Por outro lado, o longa-metragem Ponto Final, do carioca Marcelo Taranto, decepcionou. A inspiração em um texto de teatro não funcionou na tela e trouxe diálogos e filme arrastados. Sobre as críticas, Taranto rebateu dizendo que quis fazer um filme autoral e que "se eu conseguir 100 mil espectadores está ótimo. O filme tem o tamanho dele". Os três longas-metragens têm estreia comercial no país no fim deste mês e no início de setembro.

Celebridades

Ao contrário do Palácio dos Festivais, que esteve somente próximo da lotação total dos 1,1 mil lugares na exibição de O Palhaço, os arredores do tapete vermelho ficam repletos de turistas e mo­­radores no início das noites, quando iniciam as projeções da Competitiva. A passagem de atores famosos, como Sérgio Marone, Luciano Szafir, Dalton e Selton Mello, além de atrizes, como Carol Castro e a gaúcha Larissa Maciel, ainda é o principal chamariz de público. As projeções, com ingressos considerados salgados pelos moradores (nos primeiros dias, cerca de R$ 70), não conseguem ser atrações por conta própria e o festival acaba de­­pendente desta dinâmica que inclui famosos, gritaria e autógrafos.

Até o fim da programação no dia 13 de agosto, dia da solenidade de premiação, serão exibidos 14 longas-metragens e 20 produções da Mostra Gaúcha.

A repórter viajou a convite da Oi.

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